terça-feira, 16 de agosto de 2005

A ÁGUA

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ÁGUA Pôr em suas mãos, no gesto, o copo agora ali sobre a cristaleira
guarda outros copos, porém vazios da contida água no primeiro copo;
nele deposita com o desejo de bebê-la a sede
senão de vinho, da vinha torrencial de continentes líquidos,
não os amarrados em formas de transparente solidão,
só aqueles solitários na opaca transparência de muros sem razão.
Água ausente, distante, mas inequívoca água
como bois rumina o tempo de estar ali parada
à espera que a mão, o movimento, a boca
deformem o conteúdo de sua estagnada e pronta chuva.
Água mais memória de ter sido água
água-boi, água-quase, quase-queda, queda-d'água
sem rochedos, pedras, precipícios,
água, talvez dissesse, ali encerrada como em pasto estreito,
ou melhor pensada no instantâneo de um princípio:
parte de alguma totalidade fluida cuja compreensão compreende
a suposição da parte;
totalidade embora, mesmo que em si mesma desconstruída em partes,
não leva já a parte alguma.
Água, como diria, condenada ao copo e destinada ao corpo,
água vista agora na transparência quieta da fusão de materiais estranhos,
água sendo copo, conforma o corpo do que não é mais água
e tem do boi o mesmo olhar de gelatina e opaco brilho;
água com sede do outro quer ser água e não recusa continuar ser vidro,
água imóvel como cristais correntes
copos vazios cheios de alusões aquáticas
água pois, ali parada, água-palavra a endurecer no copo,
copo de fala amolecido e pronto a derramar-se em cursos.
Carlos Vogt
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NB: De um "site" brasileiro

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Posted by Picasa Assunção de Nossa Senhora, de André Gonçalves (1686 - 1762). Século XVIII, Ano 1730, óleo sobre tela, Palácio Nacional de Mafra ALEGRIA DO MUNDO, ESTRELA DE ALVA Alegria do mundo, Estrela de Alva: Nenhuma estrela como Vós nos guia. Sois o braço do Deus forte que nos salva, VIRGEM MARIA. Sois a escada de luz lançada à treva Para ligar ao Céu a terra fria. Fulgente aurora, a vida em Vós se eleva, VIRGEM MARIA. Só o trono de Deus é mais sublime Que o vosso trono, à luz do eterno Dia: Celeste Mãe da paz que nos redime, VIRGEM MARIA. Toda a honra à Trindade seja dada E os Anjos Vos exaltem à porfia, Porque sois nossa Mãe, de Deus amada, VIRGEM MARIA. In Liturgia das Horas, para a Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria, 15 de Agosto

Um artigo de João César das Neves, no DN

Posted by Picasa UM TEMPO SALVO POR UMA MULHER O nosso tempo só admira e cultiva o paganismo porque não faz a menor ideia do que ele fosse, conhecendo apenas as modernas imagens parolas
Neste tempo paradoxal acontecem as coisas mais aberrantes. Por exemplo, pode surgir um interesse avassalador por uma personagem histórica de que pouco se sabe e que nunca teve responsabilidades políticas ou sociais. Nos triunfantes meios gnósticos, alimentados por literatura fantástica e pseudociência, tem florescido uma grande investigação à volta da figura de Santa Maria Madalena.
Claro que ela o merece, sendo uma das maiores santas da História. Mas esse movimento, com ligações ao feminismo radical, baseia-se na tese de que a Igreja Católica sempre foi chauvinista e machista, quando no paganismo a mulher era tratada com respeito. Esta afirmação é um evidente disparate histórico.
O nosso tempo só admira e cultiva o paganismo porque não faz a menor ideia do que ele fosse, conhecendo apenas as modernas imagens parolas. É horrível viver a vida com a omnipresença de deuses, espíritos e demónios, que dominam todos os elementos e se tornam vingativos se não forem alimentados por libações. Os antigos sentiam permanentemente a opressão sobrenatural de um mundo invisível, cruel, interesseiro e mesquinho, a quem se sacrificavam rebanhos, colheitas e, por vezes, filhos. A prostituição sagrada, bacanais e ritos sexuais, de que hoje se fala como de filmes eróticos, eram infames explorações da mulher.
De tudo isto nos libertou Jesus Cristo. Ele não só falou livre e amavelmente com todos, prostitutas, adúlteras e samaritanas, mas acima de tudo falou de Seu Pai, o único Deus, o Deus que é bom e próximo e ama sobretudo os pobres. Assim desapareceu o terror pânico da mitologia. Foi o cristianismo que criou os fundamentos dos direitos humanos, da igualdade entre todas as pessoas, da libertação da mulher. Os autores que depois os formularam mais não fizeram do que repetir o que os Padres da Igreja tinham ensinado. Alguns, poucos, reconhecem-no, como Lord Acton e Friedrich Hayek identificando S. Tomás de Aquino como o primeiro liberal (whig).
Entretanto, uma versão revisionista da História esforça-se por representar as eras cristãs como séculos de obscurantismo e barbárie, extrapolando para o todo de alguns casos aberrantes. Nem reparam que, para isso, teria sido preciso que todos os cristãos tivessem feito continuamente o oposto do que o "doce rabi da Palestina" ensinou e eles mesmos sempre pregaram. Nem notam que, se fosse assim, nunca teriam surgido Santa Joana d'Arc, Santa Catarina de Sena. Santa Brígida e tantas outras.
O mais aberrante é que o apelo à grande Santa Maria Madalena como figura feminina esquece que os cristãos sempre veneraram uma mulher com mais amor do que qualquer culto pagão Maria, mãe de Jesus. Esquecem que o cristianismo é a única religião que afirma que é uma mulher o ser mais próximo de Deus, acima dos anjos e dos santos. Mas, se lhes lembrarmos isso, eles respondem ela não conta porque era virgem. Assim se vê o busílis da questão.
O que interessa ao culto actual de Madalena é directamente a cópula. Nossa Senhora é mulher, esposa, mãe. Tem todos os elementos femininos, mas é virgem. Isso mostra como vivemos num tempo obcecado pelo aspecto sexual no seu sentido mais venéreo. Sem o coito uma mulher não é mulher.
Ao longo dos séculos, cada época viu Cristo e Maria à sua maneira. Ele foi o Bom Pastor nas catacumbas e o rei universal (Pantocrator) debaixo das invasões bárbaras. Ela foi a Estrela do Mar para os navegantes e a Senhora das Dores nas guerras da Reforma. Foi preciso chegar à boçalidade contemporânea para Ele ser visto como um filósofo oculto e a ela procurarem ocultá-la.
Hoje, 15 de Agosto, é festa da Assunção de Nossa Senhora. Proclamado por Pio XII em 1950, este é o quarto dogma mariano da história da Igreja, depois da Maternidade de Deus no concílio de Éfeso em 431, da Virgindade Perpétua em 649 e da Imaculada Conceição de 1854. O nosso tempo paradoxal é também aquele que formalizou solenemente metade das certezas sublimes que a Igreja sempre teve acerca de Nossa Senhora. É ela a nossa esperança.

Com este calor...

Posted by Picasa COM ESTE CALOR...
Com este calor, só se está bem à beira-mar, para receber a aragem fresca que salta das águas marinhas. Aqui perto, a Costa Nova, a Barra, a Vagueira, S. Jacinto e a Torreia dão-lhe uma ajuda.

domingo, 14 de agosto de 2005

Um poema de José Régio

Posted by Picasa FADO PORTUGUÊS O Fado nasceu um dia, quando o vento mal bulia e o céu o mar prolongava, na amurada dum veleiro, no peito dum marinheiro que, estando triste, cantava, que, estando triste, cantava. Ai, que lindeza tamanha, meu chão, meu monte, meu vale, de folhas, flores, frutas de oiro, vê se vês terras de Espanha, areias de Portugal, olhar ceguinho de choro. Na boca dum marinheiro do frágil barco veleiro, morrendo a canção magoada, diz o pungir dos desejos do lábio a queimar de beijos que beija o ar, e mais nada, que beija o ar, e mais nada. Mãe, adeus. Adeus, Maria. Guarda bem no teu sentido que aqui te faço uma jura: que ou te levo à sacristia, ou foi Deus que foi servido dar-me no mar sepultura. Ora eis que embora outro dia, quando o vento nem bulia e o céu o mar prolongava, à proa de outro veleiro velava outro marinheiro que, estando triste, cantava, que, estando triste, cantava. Excerto de "Fado Português", in "Fado"

COLÓNIA: Jornada Mundial da Juventude

Posted by Picasa João Paulo II A última festa de Wojtyla
A expectativa que rodeia o encontro de Bento XVI com os jovens de todo o mundo, na XX Jornada Mundial da Juventude (JMJ), não faz esquecer a herança de João Paulo II, “mentor” deste encontro de jovens. As Jornadas Mundiais foram uma das grandes marcas da segunda fase do pontifica do Papa Wojtyla, levando a uma escala gigantesca um modelo experimentado em Taizé.
As JMJ são a maior e melhor expressão de uma religiosidade em movimento, um património do catolicismo presente nas grandes peregrinações que, desde sempre, marcaram a vida da Igreja e dos seus fiéis.
Os peregrinos reúnem-se em volta do Papa mas, apesar das críticas de “idolatria” à figura do Papa, a JMJ é mais do que esse encontro – Bento XVI, como João Paulo II, congregará os peregrinos, é ele próprio um peregrino especial e será aquele que enviará os peregrinos de volta para os seus locais de origem, com uma missão nas estradas do mundo.
A “crise” em que a vivência religiosa mergulhou na Europa pode ter um momento importante de resposta neste encontro de Colónia, como aconteceu em Paris. A última festa de Wojtyla será, certamente, um grande apelo à renovação e à conversão de todos aqueles que se perderam pelos caminhos do secularismo e da indiferença.
Octávio Carmo
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COLÓNIA: Jornada Mundial da Juventude

Posted by Picasa Papa será recebido em Colónia por mais de 800 mil jovens
Colónia é a partir de terça-feira a capital da Igreja Católica. A cidade alemã acolherá mais de 800 mil jovens de 200 países, reunidos para as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ). E uma visita especial o Papa. Bento XVI realizará a primeira visita pastoral ao estrangeiro e ao seu país natal, onde é aguardado com expectativa e emoção. Rumo a Colónia já partiram centenas de portugueses, que formarão um grupo de 5 mil jovens.
O encontro tem início marcado para terça-feira, mas em Colónia já estão milhares de jovens, vindos de todos os cantos de mundo. Chegaram de avião, autocarro e até de bicicleta, organizados por contingentes nacionais, movimentos, paróquias ou, simplesmente, integrados em grupos de amigos. A organização avança com os números oficiais de uma festa que terminará no domingo 800 mil jovens, 600 padres, 5 mil jornalistas e muitos outros, não inscritos, que participarão na missa e na vigília.
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