quinta-feira, 12 de maio de 2005

Um artigo de Sarsfield Cabral, no Diário de Notícias

De volta
Vêm aí as conclusões da Comissão, presidida por Vítor Constâncio, a quem o Governo solicitou uma estimativa do défice orçamental previsível para 2005, na base do Orçamento do Executivo anterior. Sabe-se que o défice de 2004, sem re- ceitas extraordinárias, foi de 5,2% do PIB. E para este ano o ministro das Finanças já referiu valores acima de 6%. A questão do défice vai assim voltar em força, até porque em Junho o Governo apresenta o seu Orçamento Rectificativo para o corrente ano. E aí terá de tomar decisões difíceis.
O primeiro-ministro quis acabar com a chamada obsessão do défice. Sócrates repetiu vezes sem conta que o essencial é a economia, não as finanças públicas. Para Jorge Coelho, a grande mensagem do discurso do Presidente da República no 25 de Abril terá sido essa o que importa é o crescimento económico, não o défice (uma interpretação assaz discutível das palavras de Sampaio). Compreende-se: uma economia a crescer traz mais receita fiscal, o que permitiria - mais uma vez! - conter o défice esquecendo a redução da despesa. Foi o que se passou, com a preciosa ajuda da baixa dos juros, no primeiro Governo de Guterres.
Só que a economia portuguesa esboçou uma retoma no primeiro semestre de 2004, mas a partir daí estagnou, ou quase. E o pouco que cresce deve-se ao consumo interno, não ao investimento nem às exportações. A melhoria na cobrança de alguns impostos, intensificando a luta contra a evasão fiscal, não chegará para travar o défice. E a flexibilização das regras de Bruxelas sobre o défice induz a menos rigor. Ora, com ou sem Pacto de Estabilidade, o actual défice prejudica o País. Terá de se cortar na despesa, no momento em que vários ministros clamam por mais verba. Sócrates ainda poderá vir a lamentar a desdramatização que fez do défice.

HERA: Uma associação que aposta na promoção cultural

Cegonha preta
Fábio Carbone, arqueólogo especializado em Turismo Cultural e do Património e presidente da HERA, Associação Juvenil que tem como objectivos a valorização e promoção do património cultural e ambiental, sublinhou, em "conversa" on-line comigo, que esperam a colaboração de todos para levarem por diante aqueles propósitos. De todos, significa das autarquias, de associações e outras organização, e das pessoas em geral, nomeadamente das que acreditam ser importante cuidar do que nos foi legado pelos nossos antepassados e pela natureza. Assim, a HERA, uma ONG (Organização Não Governamental) vai apostar em desenvolver projectos de sensibilização, em organizar eventos e em fazer levantamento de situações, estando nos seus objectivos desenvolver parcerias com as mais diversas entidades, sempre atenta a uma actuação na base do desenvolvimento sustentável. A última actividade da HERA, denominada "Recuperação de Aves feridas", realizou-se no âmbito do Projecto "Património para as Crianças", de uma parceria com o Hospital Infante D. Pedro de Aveiro.

Bênção dos Finalistas na Universidade de Aveiro

"No coração de cada um, lá mesmo no mais fundo a que podemos chamar o nosso 'jardim secreto', a alegria, como o desejo de a usufruir, é a planta de raízes mais resistentes, que aí é acolhida. Ela resiste a todas as intempéries da vida, mesmo quando trazem no seu bojo tristezas, fracassos, e tudo o mais que traduz desencorajamento e morte. Mas a semente da alegria, que se identifica como uma imorredoura fome de felicidade, calada por momentos breves ou por tempos mais largos, reaparece, de novo, a iluminar o caminho e a estimular o dia que se levanta. Ela está inscrita nos nossos genes e há-de ser companheira eterna da nossa decisão de sonho e de procura." Estas foram palavras de D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, na Eucaristia da Bênção dos Finalistas, que se celebrou no domingo, com a participação de cerca de nove mil pessoas, entre alunos e seus familiares e amigos, reitora, professores e funcionários. Nesta Festa dos Finalistas, organizada pelo CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), em que sobressaiu a alegria dos finalistas, por terem chegado ao fim de uma caminhada longa e difícil, o prelado aveirense sublinhou que, "Um curso que se termina, não pode deixar de ser um curso que continua ou um novo curso que se começa. Curso é sempre caminho, marcha, movimento. A morte está no parar. A vida está na esperança e na decisão que faz ir mais longe". D. António ainda frisou, ao salientar a importância do serviço aos outros, que, "Quem não tiver tempo para os outros, deixará de o ter para si próprio. Quem não experimentar a alegria fecunda de dar aos outros, deixará de sentir a alegria do que tem de seu. Quem não jogar a vida em favor dos outros, acabará por depreciar a sua própria vida".
F. M.
ORAÇÃO DE COMPROMISSO Passo a passo o ser humano cresce e deposita no futuro o sonho e a esperança de que o dia de amanhã traga consigo mais felicidade do que a sentida no momento presente, sem se aperceber que a maior parte das vezes ela está mesmo ao seu lado. De facto o ser humano é um ser privilegiado se pensarmos que só a nós nos foi dada a possibilidade de amar, partilhar e sonhar... É neste sentido que surgem os amigos, aqueles com quem rimos, chorámos, partilhámos e sonhámos... Nesta caminhada universitária, são vários os conhecimentos que nos são inculcados: Literários, Artísticos, Científicos... E se estes são particulares e específicos de cada curso, o saber da vida, o saber amar, o saber partilhar, aproveitar o tempo, e sonhar... são comuns a todos nós! Porque todos integramos uma grande família! E para adquirir estes saberes não precisamos de consultar bibliografias infindáveis, porque eles residem dentro de cada um de nós! Basta que cada um se predisponha a realizar a sua descoberta... Hoje, somos nós aqueles que concretizam mais um sonho, e neste dia de felicidade queremos escrever o compromisso para o nosso futuro! E se somos pequenos diante de tantas missões deste mundo, o essencial é a nossa vontade de viver e de construir uma humanidade mais bela! Na verdade, o projecto que celebramos no dia de hoje
não é só um sonho nosso que se realiza, mas o ideal dos nossos pais, avós e restante família que, onde quer que estejam, estão com certeza a viver este momento connosco! É o sonho da Universidade, Ensino Superior, construir pessoas felizes e servidoras dos outros através do conhecimento aprendido! Nesta hora, elevamo-nos com humildade até ao nosso maior amigo, o maior companheiro da nossa viagem, que não acaba,
mas tem um novo início aqui! Pedimos-Te, aqui, hoje, Deus-Amor-Paz, presente em todos os corações e Religiões da Humanidade, Jesus Cristo, nosso Mestre Pessoal, que faças de todos nós teus companheiros de embarcação e, juntos, convidaremos a felicidade e o amor a remarem e o sonho a tomar o leme dos nossos rumos... e, se às vezes naufragarmos, como sempre, nem que às vezes nos esqueçamos, sabemos que estarás connosco! Assim, nesta nova etapa de vida é nosso compromisso: (todos dizemos) Amar, auxiliar, perdoar e respeitar o próximo nas suas diversidades, em todos os nossos passos futuros, construindo, tijolo a tijolo,
um mundo mais justo; Enfrentar, com confiança, os obstáculos e quedas, tendo a certeza que Tu estás no leme e não nos deixas afundar; Aplicar as aprendizagens adquiridas, de forma justa, honesta, digna, de modo a zelar pelos valores e dignidade humana, tantas vezes esquecida, e preservar o mundo que para nós criaste; Dar o que existe de melhor em nós, sem esperar recompensa, vivendo e transmitindo a criatividade da fé que temos em Ti; E não permitas, Senhor, que esqueçamos o verde da esperança, que hoje enche os nossos corações, e auxilia-nos a cumprir o que assumimos, perante todos, neste maravilhoso dia! Ámen!

Marinho Antunes em entrevista à ECCLESIA

"Manifestações da religiosidade estão em mutação"
Para ler e pensar as festas e devoções em Portugal é imprescindível olhar para o conjunto de dados provenientes de três estudos: uma sondagem no Continente sobre a religiosidade dos portugueses - 3 e 4 de Julho de 1999, Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa; um inquérito exaustivo às paróquias portuguesas, elaborado para o Centro de Estudos Sociais e Pastorais da Universidade Católica; uma sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da UCP, para o Público, RTP e RDP, nos dias 29 e 30 de Abril de 2000, em todo o Continente.Em entrevista à Agência ECCLESIA, o sociólogo Marinho Antunes fala dos estudos efectuados e do caminho que falta percorrer.
:
Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 11 de maio de 2005

Educação Moral e Religiosa católica

Contributo para um novo humanismo
Na altura das matrículas queremos chamar a atenção dos pais ou encarregados de educação e dos jovens para o lugar importante da Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) na formação global dos alunos das nossas escolas. Esta disciplina cuida do desenvolvimento harmonioso de todas as dimensões da pessoa humana, dirigindo-se não só às faculdades intelectuais mas também à capacidade social, moral e espiritual. Educa para os valores, ajuda a encontrar um projecto de vida, contribui para definir um sentido para a existência pessoal, promove a relação comunitária. Responde, portanto, a muitos problemas e preocupações que, actualmente, se colocam na educação. De facto, conhecemos hoje um grande desenvolvimento técnico, uma oferta abundante de bens de consumo, uma dispersão de propostas lúdicas mas, paralelamente, verificamos um certo vazio interior, o crescimento do individualismo, o desinteresse pelo bem comum. Aumentou a qualidade de vida material mas falta frequentemente uma vida com qualidade, ou seja, com sentido e projecto, com valores, com esperança. Para tornar felizes os nossos jovens não bastam os bens materiais e os conhecimentos. São indispensáveis também a cultura, a ética, a sã convivência, a esperança e o amor. Este é o contributo da EMRC. Certamente que os pais e educadores estão interessados em transmitir aos filhos e educandos tudo o que pode enriquecer a vida deles. Nesse sentido, o património moral e espiritual do cristianismo é um alicerce seguro de humanismo, de fraternidade, de sentido da existência, de dignidade da pessoa humana e de responsabilidade. A situação cultural da Europa, neste início do novo milénio, torna necessária e preciosa esta fonte de cultura e de moral. Procurem os pais e educadores matricular os filhos nesta disciplina. Aos pais pertence decidir a orientação moral da educação dos filhos. É uma riqueza que lhes podem dar. Lisboa, 2 de Maio de 2005 Os Bispos da Comissão Episcopal da Educação Cristã Manuel Pelino, José Alves, Jacinto Botelho e António Marto

No CUFC: "Família e amor, na doença e na morte"

CUFC
No próximo sábado, dia 14, pelas 21.30 horas, vai ter lugar, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), um colóquio, subordinado ao tema "Família e amor, na doença e na morte". Esta é mais uma iniciativa integrada nas celebrações do Dia Internacional da Família, com organização da ADAV (Associação para a Defesa e Apoio à Vida) e da APFN (Associação Portuguesa das Famílias Numerosas). Edna Gonçalves, do IPO do Porto, falará sobre "Medicina, cuidados paliativos e famílias", João Loureiro, da Faculdade de Direito de Coimbra, abordará "Questões éticas e jurídicas", e Emília Carvalho, do Centro Regional de Segurança Social de Aveiro, debruçar-se-á sobre "Apoio Domiciliário e Segurança Social". A oportunidade dos temas programados para esta acção é mais do que evidente, agora que tanto se fala da legalização da eutanásia. A entrada é livre.

Um artigo de D. António Marcelino

Posted by Hello Pragmatismo e moralismo
Há problemas humanos e sociais, de solução difícil, que todos os dias incomodam. A toxicodependência, o alcoolismo, a sida, as muitas e variadas formas de miséria, o desemprego, a insegurança, a loucura na estrada, a violência em todas as dimensões, a situação de muitos idosos. Estes e muitos outros, os problemas de nós todos.
A procura, a qualquer preço, de resultados imediatos, mostra depressa que é cada vez menos válida e consistente a sua solução. Não há praxis acertada, quando vazia de conteúdos e razões que norteiam um projecto sério, a prosseguir com objectividade, no tempo e com tempo. Mas, entre nós, a tentação de tudo resolver depressa é real.
Já se vai dizendo que o que é preciso é pragmatismo. O moralismo não leva a nada. Porém, os verdadeiros pragmáticos não só não dispensam as ideias e os princípios éticos como sentem necessidade de reflectir sobre eles e o seu alcance, ao avaliar e ao tentar a solução dos problemas. Os primeiros fizeram do seu método filosófico o único critério para julgar a verdade de qualquer ciência e doutrina. Todo o pensamento, assim diziam, existe para a acção e o valor das ideias é apreciado consoante a influência nas atitudes e comportamentos e o modo como os orientam e controlam.
O que se propõe, se é periférico às pessoas, porque não as respeita na sua verdade, capacidade e ritmo, ainda que com algum resultado imediato, não passa de ilusório e passageiro. Os pragmáticos sérios procuram traduzir, em prática exequível, conteúdos a promover e valores a preservar, não se vergando ao êxito fácil e aos louvores.
Uma acção responsável não pode ser fruto de voluntarismo, nem pode ser valorada à base de uma eficiência rápida, nem dos apoios da comunicação social de turno.Hoje vive-se e proclama-se o propósito de ser pragmático em tudo, porque não se pode perder tempo, nem deixar que os problemas apodreçam. É esta uma tendência muito forte dos políticos frenéticos, encaixados nos poucos anos de poder que têm à sua frente. Não se pode perder tempo a estudar nem a avaliar o que já se fez. Há que fazer de novo, mudar os nomes, multiplicar os projectos, esquecer as pessoas. Doença crónica.
Na educação, na saúde, na economia, nos problemas mais prementes, há que saber distinguir o que tem de se resolver já e que ver as causas que produzem e multiplicam os males. Os problemas sérios não se compadecem com soluções de feira, nem com mezinhas que dão para todos os males. O que por aí se lê e se ouve, mesmo por parte de pessoas e serviços oficiais, é confrangedor. A política muda, mas os homens são iguais.
Matar a fome de muitos anos, nem cura o faminto, nem gera riqueza.
A mudança de atitudes é um processo lento, porque é um processo educativo, que propõe valores e estimula novos comportamentos. Se não se enfrenta a realidade, apenas se adiam e escondem os problemas graves, que estão na praça pública.
“Usa o preservativo e acabará a sida; despenaliza o aborto e terminam os abortos clandestinos; multiplica as salas de chuto, dá seringas novas, logo dirás adeus à toxicodependência; promove cursos de formação acelerada e não haverá desemprego; multiplica e agrava as coimas e terás a estrada sem acidentes; aumenta as pensões de velhice e dá passeios aos idosos e sentir-se-ão amados; tira as crianças e os jovens das instituições, dá-os às famílias e logo eles serão felizes; canoniza a homossexualidade e serás moderno; acaba com o ensino privado e o estatal terá mais qualidade; esquece o que disseste ontem e nega se for caso…” Cá está o pragmatismo político, sem ética e sem ideias. Em nome da modernidade. Para bem da pátria. Para subir na tabela dos países evoluídos. Para ganhar votos.
Muitos há que não afinam por este diapasão. Aceitam o incómodo da verdade, respeitam e promovem os direitos das pessoas, são pragmáticos com ideias.
Felizmente.