terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Um poema de Eugénio de Andrade


PARA DAR

Para dar tenho ainda quatro pedras
de cal, quatro punhados
de neve, quatro rosas
roubadas à espuma das vogais.
Tive noutro tempo um lódão
à porta, nele cantavam
as estações e as aves.
Cantavam afectos, melancolias,
coisas pequenas, leves:
a delícia dos dias.
Cantavam quando a luz rompia,
e quando a luz se esfarelava
inda se ouviam cantar.
Seriam elas?, seria eu?
Ofício triste, o do mar.

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