domingo, 17 de março de 2024

Um poema de Oliveiros Louro


VAGA A ORIGEM, FUTURO INCERTO

Ur-Mesopotâmia, talvez a origem...
Talvez a origem dos barcos moliceiros.
Talvez Tartessos dos velhos marinheiros,
Névoas de génese que não me afligem.

Mais me atormenta o porto da viagem,
O passado recente das Gafanhas, Murtosas,
Os painéis e legendas, ingénuos, escabrosas,
Cisnes, patos bravos, maçaricos, miragens.

O chiste, os pés doridos, a vela, a gaivota,
Moliço, maresia, o lodo e o patacho,
Ancinho na lama mole... Mas eu acho
Que tão vária imagem meus sonhos enxota.

Como a um bando de belos flamingos
Tão leves, esbeltos, talvez comendo crico.
E as viagens-miragens passam e eu fico
A cismar no futuro... desses barcos lindos.

Oliveiros Louro

NOTA: Já não via o Oliveiros Louro há muito. Pandemia e inverno obrigaram-me ao abrigo da minha residência. Daí um certo afastamento. Há dias cruzei-me com ele e perguntei-lhe como ia a poesia. Sem parar, sorriu, como que a dizer que já lá vai o tempo dela. Tive pena, mas daqui lhe desejo saúde. E talvez um dia  a musa lhe segrede uns  poemas lindos.

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