sábado, 28 de janeiro de 2023

A GRANDEZA DE SER HUMILDE

Reflexão de Georgino Rocha 
para este fim de semana

Jesus é perentório no evangelho deste domingo: Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo. Longe de vós só há trevas e corrupção. E se não há luz fica tudo às escuras, tudo a deteriorar-se. Junta â sua palavra o exemplo da vida e a força do testemunho dizendo: Aprendei de Mim que sou manso e humilde do coração. A Homilética destaca no seu comentário a humildade como núcleo base da liturgia de hoje.
A humildade, ensina a Igreja, faz-nos realistas e permite-nos relacionar-nos com Deus e com os outros seres humanos admirando neles o rasto divino num amor feito serviço e não orgulho nem vã glória.
O Papa Francisco, com o seu testemunho e no seu magistério, abre amplos horizontes a quem pretende ser humilde e agir como tal. Oferece o modelo de Jesus, que nos momentos de difíceis das tentações em que o diabo pretende enreda-lo, em que é acusado por tanta gente, poderosos e sem poder, gente simples e chefes religiosos. Jesus oferece a sua vida ao Pai, e reza.
Jesus encarnou a compaixão e os traços que acompanham a sua humildade: a mansidão e a ternura. Se não há humilhação, não há verdadeira humildade, adverte o Papa os cristãos que devem ter cuidado de não cair nessa humildade falsa e, como a comida, “confecionada em série”. (29.01.2018).
Destacamos os traços mais significativos da humildade de acordo com o seu ensinamento e apontados nas suas homilias na liturgia familiar da Casa de Santa Maria:

1. Próximos aos outros; fugir de grupinhos de poder. Estar próximo ao povo simples e não dos poderosos ou ideólogos. Sobretudo os pastores da Igreja para não serem cúmplices dos grupinhos de poder que cultivam os interesses pessoais e envenenam as almas e não fazem o bem. (18.09.2018).

2. O humilde entende o poder como serviço, ao estilo de Jesus. O Bispo de Roma sublinha que la autoridade e o poder de Jesus radicam “na humildade”, “na mansidão, na proximidade, na capacidade de compaixão e de ternura. O humilde aceita a humilhação e é capaqz de tolerar, de levar sobre os seus ombros o peso da humilhação.
A pessoa humilde sabe comunicar com Deus. Jesus quando não estava com a gente, estava com o Pai, orando. A maior parte do tempo da vida de Jesus era para o povo a quem queria comunicar o reino de Deus.
O humilde ganha autoridade, a do exemplo. «A humildade de Jesus é o que lhe dá autoridade, o aproxima às pessoas e faz tocar a gente, ser próximo, ter autoridade» (18.09.2018).

3. O humilde ama a palavra, por ela se sacrifica, assumindo o sacrifício que possa comportar. «Perante a humildade, perante o poder do nome de Cristo que actua no agir do apóstolo». O humilde é pessoa amável, manso, pedagogo. Faz do exemplo a escola do ensino cristão. A mansidão faz despertar o desejo da imitação. “Jesus manso e humilde do coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”, reza suplicante. E irrita-se perante a injustiça, assumindo a atitude mais coerente. Aceita as tribulações e vê nelas um contributo para crescer em humanidade, para orar pelos inimigos. “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. A oração é a chave da humildade para o cristão, fortalece quem tem de levar a cruz da vida até ao calvário, donde se avista a ressurreição.

4. A humildade é considerar-se a si mesmo um homem ou mulher com defeitos, mas desejoso de se deixar transformar pelo amor e deixar-se perdoar. Isto é viver “um verdadeiro e profundo arrependimento” e não se justificar imediatamente frente â ofensa, tratando de parecer bom: “Se não sabes viver uma humilhação, tu não és humilde”, e acrescentou que “esta é a regra de oiro” da humildade (29.01.2018).

Humildes foram os patriarcas, muitos personagens da história judaica, os profetas, os nobres de Israel, os amantes da sabedoria, os salmistas, os piedosos do Primeiro Testamento. Humildes foram sobretudo Maria e José, João Baptista, Isabel e Zacarias, Simeão e Ana, os apóstolos e muitos dos primeiros cristãos. Humildes foram os mártires e os santos cristãos. Humilde, por excelência, foi/é Jesus de Nazaré, o Senhor Jesus Cristo.

Georgino Rocha

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