Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXIII do Tempo Comum
Papa vai ao Cazaquistão |
Lucas, o evangelista investigador, continua a apresentar Jesus na viagem para Jerusalém, viagem que é mais um itinerário de formação de quem pretende ser discípulo, do que um percurso geográfico. Recorre, por isso, a imagens expressivas, a parábolas sapienciais, a ditos e sentenças, a situações contrastantes. Agrupa factos e condensa ensinamentos, como vem sendo narrado nas leituras dos últimos domingos.
A mensagem visualiza-se no banquete nupcial, na porta estreita, no fogo ardente do amor, na partilha da herança dos bens de família. O conjunto dos discípulos, os grupos, as multidões vão-se apercebendo da sua novidade radical e da urgência de tomar uma decisão a favor ou contra.
“Estar com Jesus – escreve o Papa Francisco no seu Tweet seguido por mais de 6 milhões de pessoas, há meses – exige sair de nós mesmos e de um modo caseiro e rotineiro”.
Esta exigência só tem sentido pela opção tomada: Estar com Jesus e querer ser seu discípulo, imitá-lo. A tempo inteiro, a “fundo perdido”. Opção tomada livremente, fruto de uma decisão “informada”. A partir desta opção, tudo na vida fica com sentido claro e mobilizador, com valor condicionado, com preço relativo. E será tanto maior quanto for espelho polido que reflete a novidade original do reino de Deus.
O amor a si mesmo, os laços familiares, a cruz da vida diária, a renúncia à posse dos bens de todas as espécies constituem valores a re-situar perante a opção feita: Renúncia consciente em caso de incompatibilidade; integração harmoniosa, sendo possível, na escala preconizada por Jesus. Tomar a decisão certa exige tempo de reflexão, prudência, sabedoria, recursos, determinação. A atitude do homem que pretende fazer uma construção ou do rei que quer empreender uma guerra ilustra o ensinamento de Jesus sobre as condições prévias à opção de quem se propõe ser seu discípulo.
“Jesus voltou-se” – refere Lucas ao introduzir este ensinamento de Jesus. Só em liberdade, se pode ser cristão. Só na verdade, se alicerça, com segurança, a autêntica liberdade.
O Papa Francisco, sempre incansável apesar das limitações, parte em Viagem Apostólica, ao Cazaquistão de 13 a 15 de Setembro próximo para participar num congresso sobre o diálogo entre religiões em que estão presentes Líderes Religiosos Mundiais e Tradicionais.
No logotipo deste congresso, destacam-se as mãos e um coração, uma pomba, um ramo de oliveira e “um ‘shanyrak’, um elemento da casa tradicional do povo cazaque. E sua leitura expressiva: “As asas são representadas por duas mãos unidas, simbolizando as dos mensageiros da paz e da unidade. O coração, dentro das asas, representa o amor, fruto da compreensão recíproca, da cooperação e do diálogo”. O azul claro e amarelo são da bandeira do Cazaquistão, o amarelo e branco, as da bandeira do Vaticano, enquanto o verde do ramo de oliveira simboliza a esperança.
Acompanhemos os intervenientes em tão auspiciosa iniciativa.