D. António Marcelino:
“A hierarquia é o primeiro serviço da comunhão na Igreja”
“A hierarquia é o primeiro serviço da comunhão na Igreja”, afirmou D. António Marcelino na cerimónia de ordenação presbiteral do Diácono Carlos Alberto Pereira de Sousa. A ordenação foi na igreja matriz da Gafanha da Nazaré [29 de Junho de 1996], estando presentes os superiores e colegas do novo Padre, pertencentes ao Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, outros Padres e Diáconos Permanentes da Diocese de Aveiro, familiares e amigos.
À homilia, o Prelado aveirense sublinhou o facto do novo sacerdote pertencer à comunidade dos Padres de Schoenstatt, e a propósito referiu que tudo seria diferente na Gafanha da Nazaré, e não só, se não houvesse o Movimento de Schoenstatt. Lembrou o antigo prior desta paróquia, Padre Rubens Severino, falecido há anos, ainda jovem, mas a quem todos muito devemos e que nos deixou com gratidão e saudade.
D. António Marcelino falou depois da importância dos Movimentos Apostólicos no contexto das comunidades diocesanas, pois que os carismas que o Espírito Santo suscita, através deles, são fundamentais ao serviço da comunhão da Igreja. “Os Movimentos laicais e mesmo sacerdotais manifestam a grande preocupação de Deus de pôr na sua Igreja os instrumentos de salvação”, disse.
O Bispo de Aveiro evocou o espírito de “cristandade” que perdura em muitas comunidades e logo acrescentou que a hierarquia não pode obscurecer Deus, antes deve, com vida, torná-lo acessível a todos os povos. “A hierarquia encarna o poder sagrado, não para submeter a si quem quer que seja, mas para a todos submeter ao Espírito Santo”, sublinhou D. António.
Falando ainda dos Movimentos, o nosso Bispo afirmou que eles são a esperança e a primavera da Igreja, mostrando a comunhão.
“Há muitos que se afastam de Deus e da Igreja e não podemos fechar os olhos a esta realidade; muitos outros julgam poder dispensar Deus e há os que pensam poder amar a Deus e aos irmãos fora da Igreja”, sublinhou o Prelado aveirense. Mas é bom que nos habituemos à ideia de que “tudo temos de fazer para que todos se sintam bem na Igreja e mostrem vontade de voltar”, referiu. É que, sublinhou, “muitos vão embora porque não encontram na Igreja o pão que fortalece para a vida”. E é este, aliás, nos dias de hoje, o grande desafio que se põe à hierarquia, aos cristãos e aos Movimentos.
Recordou a riqueza das diferenças que têm origem no Espírito Santo e disse que os Movimentos devem integrar-se nos planos pastorais, já que eles são construídos por todos em espírito de comunhão. E foi com oportunidade que D. António Marcelino afirmou serem os planos pastorais fundamentais para acolhermos “os que vêm da asfixia comunista e das Igrejas envelhecidas”.
Dirigindo-se ao novo presbítero, o 20.º da Gafanha da Nazaré nos últimos 100 anos e o primeiro da mesma comunidade a pertencer ao Instituto dos Padres de Schoenstatt, recomendou-lhe que seja humilde e pequeno perante a grandeza de Deus, que continue fiel e com um amor muito profundo a Deus, à Igreja e a Maria. “Tu pertences mais à Igreja do que ao Movimento de Schoenstatt; Orienta a tua vida para o serviço dos irmãos”, disse D. António Marcelino.
O novo presbítero consagrou-se a Nossa Senhora e agradeceu à sua família, à comunidade, aos superiores e a todos os que o ajudaram na sua caminhada rumo ao sacerdócio.
Fernando Martins
Publicado no jornal diocesano “Correio do Vouga” na semana seguinte à ordenação
NOTAS:
1. Fotos gentilmente cedidas por José Manuel da Cunha Pereira;
2. Evoco com muita saudade os meus amigos e colegas, Diáconos Permanentes Carlos Merendeiro da Rocha e Emanuel Ribau Caçoilo, já falecidos;
3. No dia 27 de junho, às 18h, o P.e Carlos Alberto Pereira de Sousa, do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, celebra no Santuário de Schoenstatt, na Gafanha da Nazaré, a missa dos 25 anos de ordenação.