"Sem o pão não vivemos, mas não vivemos só de pão"
Recinto só com 7500 peregrinos
Fátima “é uma alavanca da nossa humanidade, um laboratório sem portas nem muros, sempre aberto para a esperança”, disse o Cardeal José Tolentino Mendonça, hoje, no 13 de Maio, a cujas cerimónias presidiu como convidado. E frisou que a Mensagem de Fátima “convida ao sonho por uma nova humanidade”.
Assisti, via televisão, às cerimónias comemorativas do 13 de Maio em Fátima, presididas este ano pelo Cardeal Tolentino Mendonça. O recinto teria 7500 peregrinos, conforme estabeleciam as regras do coronavírus. Em circunstâncias normais, estaria repleto, com dezenas de milhares de peregrinos de todo o mundo, maioritariamente portugueses, que nutrem pela Senhora de Fátima uma devoção especial. Por Ela, são capazes dos maiores sacrifícios, peregrinando debaixo de calores abrasadores ou ventos frios, calcorreando caminhos duros e vencendo rampas agrestes.
Contudo, sabem que à chegada, olhando para a imagem de Maria, tudo esquecem, como que por milagre. Mas as multidões também são lenitivo para o sofrimento e é nelas que nos reconhecemos mais libertos, mais espontâneos, mais naturais.
José Tolentino Mendonça é uma personalidade multifacetada, que há muito admiro. Poeta, pensador, orador, cronista, biblista e teólogo, ofereceu hoje, a quem o pôde ouvir e ler, uma lição espiritual e humanista carregada de sentido e aberta ao futuro. “Fátima ensina como se ilumina um mundo que está às escuras. Seja o pequeno mundo do nosso coração, seja o coração do vasto mundo”, disse o cardeal português.
“A Fátima, nós peregrinos, chegamos sempre de mãos vazias. Mas de Fátima levamos, acordado dentro de nós, um sonho. Fátima ensina, assim, como se ilumina um mundo que está às escuras”, frisou.
Noutra passagem da sua homilia, o Cardeal Tolentino salientou: “Sem dúvida que é urgente garantir o pão e esse trabalho exigente – fundamentalmente de reconstrução económica – deve unir e mobilizar as nossas sociedades. Mas as nossas sociedades precisam também de um relançamento espiritual. Sem o pão não vivemos, mas não vivemos só de pão. Os maiores momentos de crise foram superados infundindo uma alma nova, propondo caminhos de transformação interior e de reconstrução espiritual da nossa vida comum”, explicitou.
FM