O ser humano é político, mesmo quando garante que não é. Mas há, realmente, políticos brincalhões. Repare-se nas manobras, negociações e mais negociações, com juras e promessas de que tudo está bem quando todos sabemos que não está. Alguns são mesmo brincalhões com caras de gente séria. Uns prometem tudo e mais alguma coisa, outros exigem tudo e mais alguma coisa quando todos sabemos que o país está mal. Quando digo país, digo povo sofredor com falta do essencial para viver dignamente. Um país abafado por uma pandemia terrível a somar infetados e mortos todos os dias. Até parece que vivemos na abundância quando todos sabemos que a fome entra em inúmeras famílias a toda a hora. Famílias de desempregados e muitos filhos de uma economia paralisada, com velhos de olhares perdidos nos horizontes de sonhos irrealizáveis.
Alguns políticos prometem tudo e chegam a ter graça, mas às vezes assustam-nos. Vem isto a propósito dos “filmes” que retratam as negociações para o Orçamento do Estado passar, decisão fundamental, junto dos nossos credores internacionais, para repor a nossa credibilidade, permanentemente abalada, e para manter o povo controlado.
O OE vai passar, não vai haver problemas, garantem uns. As negociações não param, ou param para alimentar o espetáculo que as televisões e demais comunicação social exigem para deleite do pessoal. Cai o Governo? Vamos para eleições? Tudo pode acontecer.
A crise vai continuar? Estamos convencidos de que sim. Para já, o barco continua a navegar, com procelas no horizonte. Mas navega, mesmo a meter água. Será preciso colete de salvação? Ninguém sabe. Pelo sim pelo não, valerá a pena metê-lo num saco, com um farnel para uns tempinhos.
F. M.