Figuras da nossa terra
Egas Salgueiro nasceu a 16 de março de 1894, abandonou o liceu com apenas 14 anos e emigrou primeiro para o Brasil e depois para Angola.
Em 1915 regressou a Aveiro onde se tornou sócio, juntamente com o pai e os irmãos, da empresa Salgueiro & Filhos, Lda. Entre 1922 e 1927 foi sócio da Empresa de Navegação e Exploração de Pesca.
Porém, esta empresa foi encerrada e Egas Salgueiro, em 1928, fundou a Empresa de Pesca de Aveiro (E.P.A.). Será aqui que este industrial implementará a sua visão estratégica e levará a cabo uma gestão verdadeiramente empreendedora, ao conduzir os seus navios a pescar nos mares da Gronelândia, algo que nunca tinha sido tentado a nível nacional, ou ao equipar os veleiros com motores propulsores, permitindo viagens mais rápidas ou então quando dedica pela primeira vez um navio arrastão à pesca do bacalhau.
Nos anos 50, a E.P.A., antecipando as dificuldades que o mercado do bacalhau atravessará, aposta na diversificação das suas atividades, passando a dedicar-se também à pesca do longínqua do atum e iniciando a pesca do arrasto costeiro desta espécie. Investiu também na indústria conserveira, fundando, em Agadir, uma fábrica de conservas e farinha de peixe. Na Gafanha da Nazaré, a E.P.A. será uma das primeiras empresas a instalar túneis de secagem artificial e grandes armazéns frigoríficos.
Nos anos 60, foi inaugurada uma fábrica de conservas na Gafanha da Nazaré. Com esta diversificação, Egas Salgueiro conseguiu que a sua empresa fizesse uma transição mais suave do que outras do setor bacalhoeiro, numa época em que as capturas nacionais de bacalhau diminuíram drasticamente e o comércio desta espécie, a partir 1967, se liberalizou.
Em 1966 foi agraciado com a Comenda da Ordem de Mérito Industrial, numa cerimónia no Teatro Aveirense, que teve a presença de Henrique Tenreiro.
Além deste interesse na pesca, Egas Salgueiro deixou também a sua marca noutros setores. Assim, vemo-lo a presidir à Companhia Aveirense de Moagens e à Direção do Banco Regional de Aveiro. Foi ainda vereador da Câmara Municipal de Aveiro, presidiu à direção do Teatro Aveirense e foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro. Porém, o seu nome esteve ligado a muitas outras instituições regionais.
Faleceu, em Aveiro, no dia 4 de julho de 1977, com 83 anos.
Notas:
1. Trabalho do Centro de Documentação de Ílhavo, integrado no projeto "Se esta rua fosse minha"
2. A Rua Comendador Egas Salgueiro localiza-se na Gafanha da Nazaré e pretende ser uma homenagem ao industrial que tanto contribuiu para o desenvolvimento desta localidade. O topónimo é referido no Plano Geral de Urbanização das Gafanhas (1984);
3. Foto de "Santo André - Memórias de um navio";
4. O presente texto foi alterado e reeditado.
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