domingo, 12 de janeiro de 2020

Os Reis adoraram o Menino e regressaram aos seus países

A Sagrada Família

Reis adoram o Menino

Cumprindo a tradição, os Reis Magos com seus séquitos puseram-se a caminho, guiados por uma estrela, para adorarem o Deus-Menino que havia nascido em Belém de Judá. A viagem teria sido longa e morosa, com obstáculos conhecidos, uns, e desconhecidos, outros. Um deles foi a visita ao rei Herodes que lhes manifestou o desejo de se encontrar com o Menino, para lhe prestar as suas homenagens. Os Reis Magos, percebendo a sua astúcia, trocaram-lhe as voltas e regressaram às suas terras, por outros caminhos, depois de oferecerem presentes ao Menino.


Cantaras e Reis

Trajes

Cantoras
Hoje, domingo, 12 de janeiro, os Reis Magos percorreram a última etapa, já na Gafanha da Nazaré, culminando na igreja Matriz. E durante o percurso, o povo cantou, dançou e apresentou autos natalícios, todos trajando à moda antiga, com o intuito de mostrar, às novas gerações, herdeiros de um povo que domou dunas estéreis tornando-as férteis, como era a fé e o viver das gentes gafanhoas. 
Ao som de cânticos melodiosos, cujos autores não são conhecidos, Reis e povo entraram na matriz. Esperava-os Nossa Senhora, com o seu Menino, e São José. 
Um pastor saudou-os, com alegria: «Senhora, tu deves ser uma rainha porque o Anjo do Céu manda adorar o teu Filho; aceita estes pobres dons que vêm depositar a teus pés estes simples pastores. A pequenez dos nossos dons é suprida pela boa vontade com que os trazemos.»

Fernanda Vilarinho



E uma pastora acrescentou: «Oh Mãe de Deus! Branca como as eternas neves de Ararat é a cor deste cordeirinho que trago ao meu Senhor. Macio como os cabelos de Absalão é a lã que envolve as suas delicadas carnes. Puro como o sorriso dos teus lábios, doce como o olhar dos seus olhos é o seu coração.» O pastor e a pastora continuaram a manifestar as suas saudações, na presença dos Reis que ofertaram «Ouro como a um Príncipe, Mirra como a um Homem, Incenso como a um Deus».
Nossa Senhora aceitou, em nome do seu adorado Filho, «com lágrimas de gratidão», os presentes oferecidos pelos Reis Magos, que representavam os povos da terra e os sábios dos seus tempos. 
Fernanda Vilarinho manifestou a sua satisfação por mais uma vez participar no Cortejo dos Reis: «Vim cumprir uma tradição para não deixar esquecer o que os nossos pais e avós nos legaram, mas também para conviver com toda a gente.» E disse que sempre se viu envolvida nesta festa. Frisou, contudo, que o Cortejo dos Reis «é sempre bem acolhido pelos mais velhos», mas que os mais novos «ainda não aderiram; pode ser que isto não morra».



Lucílio e Pedro




Pedro Oliveira evocou o seu avô Caçoilo que foi o mentor da organização do Cortejo, levando toda a família a colaborar. E sublinhou: «A minha avó Júlia, a minha mãe, Maria, e tias, Vitória e Aurélia, confecionaram as indumentárias para os autos, nomeadamente, do Palácio do Rei Herodes; a tia Aurélia foi o primeiro Anjo do Cortejo.» 
Lucílio Marçalo anda nisto desde menino e pensa que as tradições são para cumprir. «Às vezes digo que não venho, mas quando chega a altura não posso fugir a esta festa», disse. Reconheceu, porém, que «a malta mais nova ainda não criou este hábito de participar, mas a altura disso acontecer pode surgir a qualquer momento». 
O leilão dos presentes aconteceu durante a tarde, no salão Mãe do Redentor. 


Fernando Martins
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