Esperei o sol para fotografar, mas ele não veio |
Este mês de Agosto é o mais frio dos 80 que já vivi. Será um lugar-comum fazer uma afirmação destas, mas é o que sinto, o que me vai na alma. E tenho razões para o afirmar. Basta dizer que estou a escrever esta nota do meu diário com uma manta de inverno sobre os joelhos, tapando os pés, que se queixaram da falta dela.
Fui à janela da minha tebaida, no tranquilo sótão da minha residência, para espreitar o frio e vi um tempo sombrio, com o sol perdido nem sei por onde. Queria fotografar o frio, mas não consegui rasto dele que, talvez por cobardia, andará escondido de vergonha. De sol, nada. É um medricas... Os meus amigos já estão por aí a dizer, com um sorriso malicioso: “É da idade, meu caro, é da idade!”
Talvez tenham razão. Já vivi 80 Agostos e deles recordo calor em abundância, necessidade de roupas leves e arejadas, sandálias para me emprestarem mais conforto no caminhar, urgência de bebidas frescas, uns geladinhos de vez em quando, a garridice no vestir e no folgar, a aragem da maresia, o à-vontade no estar e no andar… Mas não… Este mês de Agosto tem de ficar longe dos meus registos como tempo de férias agradáveis. Para o ano será melhor. E disso decerto darei conta.
E como será Setembro? Espero que muito melhor. Resta-me essa esperança.
Fernando Martins