Igreja matriz que se vê do meu alpendre |
Apesar do ventinho frescote, gosto de me instalar no alpendre voltado para o quintal. Sinto-me muito mais aconchegado pela natureza envolvente, que vai para além dos meus domínios. Olho a torre da igreja matriz que sobressai entre o casario térreo e evoco tantas vivências que moldaram o meu caráter e a forma de ver o mundo com sentido otimista. E nestas recordações, torno presente tanta gente que conheci: vizinhos, gente da lavoura que labutava nas campos ao frio ou à torreira no pino do verão, passantes que me saudavam, amigos que paravam para um dedo de conversa.
As couves precisam de água, o batatal carece de sulfato, as (poucas) árvores esperam por uma poda a preceito — atiravam os amigos que gostavam de conversar e de dar conselhos. E com todos (e foram tantos!) me relacionei e aprendi. Fotografias deles não as possuo, mas todos moram mesmo na minha alma.
Um amigo e vizinho disse-me um dia: — O teu quintal, Manuel Fernando (era assim que me chamava), está subaproveitado: faltam as laranjeiras e os limoeiros. Se for preciso, eu posso dar uma ajudinha. E assim foi. Mas disso falarei um dia destes.
F.M.