sexta-feira, 19 de abril de 2019

Georgino Rocha: Jesus, o Ressuscitado por Amor


O túmulo de José de Arimateia recebe os restos mortais de Jesus de Nazaré. A autoridade manda rolar a pedra de protecção e destaca um piquete de vigilância. Os amigos voltam a suas casas e pensam iniciar um novo ciclo de vida. Apenas um grupo de mulheres, de que se destaca Maria Madalena, faz o luto, recordando o tempo da sua companhia. Tudo parecia arrumado. Mas a surpresa surge ao raiar da madrugada do terceiro dia.
Madalena e algumas das suas companheiras fazem uma visita ao túmulo. E encontram as coisas desarrumadas. Ficam inquietas e procuram uma explicação. O sobressalto acalma quando ouvem o anúncio feliz: Não está aqui. Ressuscitou! A notícia chega aos apóstolos Pedro e João, que vão confirmar o sucedido. E a partir deles, muitos outros o comprovam, como exemplificam os textos bíblicos. O Ressuscitado provoca vários encontros e atesta quem é: O Crucificado que o Amor fez ressuscitar. Agora somos nós as suas testemunhas!
“Uma leitura inteligente dos Evangelhos, e depois de todo Novo Testamento, conduz à conclusão de que… Jesus foi ressuscitado por Deus em resposta à vida que viveu, ao seu modo de viver no amor até ao extremo: poderemos dizer que foi o seu amor mais forte do que a morte – amor ensinado aos discípulos ao longo da sua vida (com toda a sua vida!), e depois condensado no novo mandamento: «Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei» - a causar a decisão do Pai de chamá-lo da morte à vida plena” Enzo Bianchi.
O amor vence a morte. Ainda que o ódio gere violências de todo o tipo na vida terrena, a sua vitória é fugaz, apesar das ruínas que provoca. Há sempre um amanhã, o da confiança inteligente, o do sentido da vida, o da missão recebida, que nos abre as portas do futuro. Jesus Cristo é a sua garantia definitiva selada por Deus na ressurreição. O desejo profundo de viver comporta a fragilidade de morrer, antecâmara da vida nova, abundante e feliz.
A Páscoa da ressurreição é a festa por excelência. Faz-nos celebrar as surpresas de deus em Jesus. Naquela manhã, torna-se visível que a vida vence a morte e o amor é mais forte do que o ódio. Há provas claras desta verdade que a história regista, mas sobretudo o “livro de Deus”. Vamos rememorar quatro que foram testemunhas das aparições do Ressuscitado e nos transmitem uma bela mensagem de boas Festas Pascais.
As mulheres, lideradas por Maria Madalena, vão ao túmulo e dão conta de que algo estranho tinha acontecido. Queriam prestar os últimos cuidados religiosos e legais aos restos mortais de Jesus. Eram guiadas pela saudade e pela memória do coração. Estavam presas a um passado com recordações inesquecíveis. Mas, vão viver uma experiência singular que precede muitas outras de que nos falam os Evangelhos.
Maria Madalena “acorda” a aurora. A morte é para ela estímulo de vida. Não se conforma com tudo findar com a pedra que fecha todas as entradas. E vai, procura, dialoga, ouve respostas estranhas. “Busca a memória do amor na morte e encontra-a na vida. Descobre que só na vida se encontra o Ressuscitado”. Que alegria! Vale a pena pensar nisto.
Tomé enaltece o valor da dúvida. Questiona as razões da fé e abre caminho à sua consistência. Apoiada no diálogo e na presença de testemunhas, atinge uma nova dimensão: da aparência “mergulha” na realidade. E Tomé exclama perante o Crucificado ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!”. Que esperança! Vale a pena persistir a interrogar a dúvida.
Pedro depara-se com uma segunda oportunidade, após o fracasso da negação no pretório de Pilatos. É o amor afirmado e reafirmado junto ao lago de Tiberíades que sela a aliança definitiva e se faz veículo da missão que Jesus ressuscitado lhe confia. A amarga derrota cede lugar à mais brilhante vitória. Que força contém o amor! Experimenta!
Os discípulos de Emaús: da desilusão ao entusiasmo. A crucifixão mata-lhes as últimas esperanças. Desistem e regressam à sua terra. Pelo caminho, ajudados por um estranho Peregrino, passam o filme dos factos recentes, escutam explicações fundadas, sentem o coração a vibrar, fazem uma refeição conjunta e, não podendo conter-se mais, regressam à cidade, onde os outros estão reunidos e contam-lhes como o Ressuscitado os acompanhara na viagem. Que descoberta agradável e que liberdade segura! Ousemos confiar! Boas Festas de Páscoa!

Georgino Rocha

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