Cortejo dos Reis
Foi no Domingo
6 de janeiro
Menino Jesus ao colo de sua mãe. S. José completa o quadro |
Pastores vão adorar o Menino |
Os presentes oferecidos com alegria |
Um Rei Mago beija o Menino |
Cantoras |
“Belém de Judá transferiu-se para a Gafanha da Nazaré”,
afirmou o nosso prior, Pe. Cesár Fernandes, no culminar do mais que centenário
Cortejo dos Reis, na hora da adoração do Menino, na igreja matriz, no domingo,
6 de janeiro, liturgicamente dedicado à Epifania do Senhor. Adiantou que o
Menino Jesus recebeu os presentes dos Reis Magos, que representam todos os
povos da terra, entre “cânticos da tradição de todos nós”, mas ainda dos
pastores, figurantes e demais participantes.
O nosso prior agradeceu o envolvimento de todos, manifestando
a sua gratidão pelos que tiveram o cuidado de se apresentar com os trajes dos
seus avós e bisavós. “Não deixeis perder esta tradição que é um misto de
religiosidade popular e de fé”, sendo imperativo dos gafanhões “transmiti-la
aos vindouros”, disse.
O Cortejo dos Reis seguiu o trajeto habitual, desde Remelha
até à igreja matriz, passando por todos os lugares da nossa paróquia, rumo à
adoração do Menino que, ao colo de sua Mãe, sob o olhar terno de São José,
ouviu as preces de pastores, magos e
povo, entre cânticos natalícios que vêm dos nossos antepassados.
Durante o percurso, foram apresentados autos alusivos à
quadra, fechando com o mais famoso, no palácio de Herodes, o qual ouviu dos
sábios do seu reino que o novo Rei estaria a chegar. E dos magos ficou a saber
que, segundo os profetas, a nova estrela da humanidade, o Salvador, já estaria
entre nós.
Manifestando o desejo de também o adorar, Herodes não deixou
de proclamar, falando para si e para os seus próximos: “Ai dele, se me cai nas
mãos; esta coroa é minha e só minha e o simples desejo em possuí-la
custar-lhe-á a cabeça”.
Os Reis Magos, percebendo os maus instintos de Herodes,
trocaram-lhe as voltas e, depois de adorarem o Menino Jesus, escaparam-se para
suas terras por outros caminhos.
Ouvimos, durante o Cortejo, algumas pessoas que nele
participaram com redobrado interesse. César Valente, de Albergaria-a-Velha mas
com familiares residentes na Gafanha da Nazaré, garantiu-nos que esta foi a sua
segunda participação, considerando “muito interessante este género de
iniciativas”, valorizadas pelo “espírito de recriar usos e costumes”. Adiantou-nos
que na sua terra se faz o mesmo em algumas festividades, natalícias ou outras.
E disse: “À terra onde fores ter, faz como vires fazer”.
Carlos Oliveira, de Aveiro, também veio com sua esposa para
ver o Cortejo dos Reis. E aqui esteve porque um responsável pelo Grupo
Etnográfico, que iria atuar na inauguração da nova sede da Universidade Sénior aveirense,
neste mesmo dia, lho recomendou. “Hoje, pela primeira vez, estou a apreciar o
Cortejo, depois de 20 e tal anos nesta terra, no Porto de Aveiro, onde vivi mais
horas do que em minha casa”. E frisou que “uma tradição com mais de 100 anos é
para manter e este reviver o passado, com os trajes antigos, é mesmo muito
interessante”.
Fátima Dolores já anda “nisto desde criança”. Começou aos
seis anos, integrada nos grupos da Catequese, depois, um pouco mais crescida, resolveu
vender bolos. Os anos foram passando e, com colegas, com uma colcha, segurando
cada uma numa ponta, “recolhiam moedas que pediam a quem assistia à passagem do
cortejo”.
Sempre com um sorriso, lembrou que a sua participação se
manteve a seguir “ligada às Famílias do Movimento de Schoenstatt”, e mais tarde
saltou para o grupo das cantoras, porque, afiançou, gosta muito de cantar.
O leilão dos presentes oferecidos pelos participantes e
outras pessoas teve lugar no Salão Mãe do Redentor, revertendo os resultados
para as múltiplas despesas da nossa paróquia.
Fernando Martins