Na sua habitual crónica do DN, "A vida no campo", Joel Neto despede-se dos seus leitores, entre os quais me incluo, refletindo sobre o que não escreveu. Consultando o seu ficheiro de notas, enumera os temas que não abordou na sua coluna, evocando pessoas e acontecimentos. E nessa consulta não passou da página sete das 56 que tem o referido ficheiro. Contudo, nesta hora de despedida do DN, que a partir do próximo domingo se apresentará renovado, com uma única edição semanal em papel, passando no dia a dia a jornal online, Joel Neto promete voltar em Janeiro.
As crónicas de Joel Neto têm um sabor intimista e mexem com a minha sensibilidade. Acabei há dias a leitura do seu livro “A vida no campo” e hoje fiquei com pena de não o poder ler, ao menos com certa regularidade, na comunicação social.
É curioso verificar que nunca fiz um ficheiro dos temas escritos e a escrever. Sou o rosto do caos em organização. E quando tenho de escrever, seja para os meus blogues seja para publicar noutro sítio qualquer, por iniciativa própria ou a pedido, enfrento naturalmente a questão: Mas eu já não terei escrito sobre isto?
Pondo de lado essa preocupação, já que não vislumbro hipótese de passar a ordenar ficheiros sobre o que escrevi ou tenciono escrever, chego à conclusão de que nunca haverá perigo de me repetir porque os meus escritos, modestos, não passam dos horizontes da minha janela.
Fernando Martins