Quis hoje retomar, a esta hora, a edição do meu blogue, mas não consegui superar a emoção que me tem afetado estes dias. A Catástrofe Nacional, com mais de 100 mortos e feridos no corpo e na alma sem conta, impediu-me de avançar. Li os jornais online e alguns comentários nas redes sociais; vi imagem chocantes e ouvi gritos de dor; protestos desesperados e gente sem voz; pessoas abandonadas e políticos em guerra; revoltas sem propostas e silêncios angustiados. Tudo isto num país pobre, desertificado, cheio de autoestradas e rotundas, com povo a sobreviver em casebres humildes e com velhos entregues à sua sorte em plenas serras e aldeias quase sem vida, ou com a vida dos que só estão bem nos sítios que amam.
Veio a chuva, o fogo está extinto e daqui a uns tempos a vida recomeça como se nada de anormal tivesse acontecido. Fico-me por aqui… hoje.
NOTA: A foto, de Adriano Miranda, no PÚBLICO, retrata o drama dos nossos compatriotas que tudo perderam. Ficaram as cinzas, um ar irrespirável e uma dor a abafar-lhes a voz. Por habitação, um céu escuro e por cama uma enxerga em qualquer canto, se não tiverem amigos e familiares que os acolham.