Outono
Outono.
(A palavra é cansada…)
Tudo a cair de sono,
Como se a vida fosse assim, parada!
Nem o verde inquieto duma folha!
O próprio sol, sem força e sem altura,
Olha
Dum céu sem luz e levedura.
Fria,
A cor sem nome duma vinha morta
Vem carregada de melancolia
Bater-me à porta.
Miguel Torga
Leiria, 11 de outubro de 1940,
em “Poesia Completa”