Já que há Um Dia Europeu Sem Carros, Um Dia Internacional Sem Sacos Plásticos, por que não Um Dia Nacional Sem Corrupção? Haverá algum ideólogo corajoso que leve a proposta ao parlamento?
Como sou muito sensível a questões ambientais e uma defensora acérrima da reciclagem, achei interessante haver um dia dedicado a este tema.
As práticas aqui defendidas, que para mim, são já uma rotina diária, tornam-se mais prementes, no atual contexto nacional.
Um dia, estando eu, numa loja de comércio local, reencontrei uma antiga aluna, atualmente a residir em França. Depois de calorosos cumprimentos, a conversa versou sobre questões ecológicas e o contributo do homem para a preservação do ambiente. Constatámos que ambas partilhávamos as mesmas ideias sobre a defesa de um ambiente saudável, alguma semente por mim deixada? Na despedida, ofereceu-me um saco de nylon, que guardado na carteira, leve e prático, está sempre à mão para uma compra inesperada. Além de tudo, tem uma inscrição que para mim é uma lição para a vida.
O mundo assinala hoje, o Dia Internacional Sem Sacos Plásticos, uma efeméride institucionalizada com o objetivo de alertar a sociedade para a necessidade de reduzir o consumo e utilização excessiva de objetos descartáveis.
O 3 de julho é promovido pela Fundação Privada Catalã para a Prevenção de Resíduos e Consumo Sustentável e pretende sensibilizar a população para esta problemática.
Segundo o Programa das Nações Unidas Para a Ambiente, PNUA, estima-se que um cidadão, na Europa, consome cerca de 500 sacos plásticos por ano, que acabam no lixo ao fim de meia hora de utilização ou então no meio-ambiente, criando-se vastas ilhas de lixo plástico nos oceanos (80% da poluição marinha). Como os animais confundem o plástico com alimentos, acabam por morrer pela ingestão desse material, como as tartarugas e outros anfíbios.
Os sacos de plástico são constituídos por resinas tóxicas, provenientes do petróleo, e levam cerca de 500 anos a decompor-se. Apesar da gravidade da situação, apenas 2% da população mundial recicla sacos plásticos
Nesse sentido, já foram sensibilizadas algumas lojas e supermercados para o uso de sacos de papel, biodegradáveis. Para além do consumo de recursos, o uso excessivo e insustentável de sacos, é potenciado pela falta de valor que lhe é atribuído, pois é oferecido. Neste momento, em alguns hipermercados, já se paga pelos sacos, o que é dissuasor para o consumidor, sendo esta medida, amplamente, defendida pelos ambientalistas.
Perante este panorama desolador de incúria e irresponsabilidade, faço um apelo a toda a gente e em particular às mulheres, a quem está, maioritariamente, atribuída a tarefa das compras. Será um estímulo para a dona de casa ir ao baú, onde tem guardadas aquelas preciosas obras artesanais: crochet, bordados, patchwork, ou um simples bocado de chita...que as noivas levavam no enxoval. E reabilitar as saquinhas do pão!
Os tempos modernos apelam a um facilitismo e funcionalidade das tarefas, mas quem sofre é o ambiente. Os resultados falam por si!
M.ª Donzília Almeida
03.06.2017