Crónica de Bárbara Reis
no PÚBLICO
com a linguagem de hoje e, para isso,
nem precisa de ver televisão.
Uns dias depois do atentado contra o Charlie Hebdo, o Papa Francisco disse que “não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros, não se pode ridicularizar a religião dos outros”. Na altura, escrevi aqui as oito razões que me levavam a discordar do Papa. Hoje, chegou o momento de fazer a crónica-espelho prometida ao Hugo Torres, então nosso editor de comunidades, que teve de gerir os leitores indignados. Crentes ou ateus, temos oito grandes razões para aplaudir este Papa.
1. Francisco é um reformista e enfrenta os católicos retrógrados. Com elegância e sem medo. Três exemplos. a) Abriu a possibilidade de os católicos divorciados e recasados poderem receber a comunhão, uma forma de reconhecer as novas família e não alienar (ainda mais) católicos. Para um ateu, os sacramentos são uma abstracção, mas esta abertura foi o que mais enfureceu os conservadores. b) Demitiu o grão-mestre da Ordem de Malta, o príncipe britânico Matthew Festing, que afastara um cavaleiro alemão que fechara os olhos ao uso de preservativos num projecto de saúde. c) E há anos faz frente ao cardeal americano Raymond Burke, um sonso e intriguista que trava um combate feroz contra os católicos progressistas. Burke é amigo de Steve Bannon (o amigo de Donald Trump), apoia a ideia de um muro a separar os EUA do México, e diz que o "feminismo radical" criou vários problemas à igreja, entre os quais os abusos sexuais de menores. É a ala radical de Burke que acusa Francisco de ter criado uma “confusão sem precedentes na Igreja Católica”. É caso para dizer: viva a confusão.