Crónica de Maria Donzília Almeida
Capela |
Entrada - Prof. Carlos |
Avião |
Mancebos |
Paraquedistas |
Os aviões sempre me fascinaram, desde os meus tempos de menina, em que os ouvia atroando os ares, nas nossas Gafanhas, em acrobacias aéreas, vindos da Base de S. Jacinto. Era para a minha tenra idade, um mistério como aquela grande máquina se segurava no ar, qual gaivota de asas abertas sulcando o céu.
Tal como Ícaro que quis voar com asas de cera, também eu tinha voos altos e os aviões seriam um meio de os concretizar. Lembro, até, uma fuga clandestina à capital, para quebrar a monotonia da vida académica de Coimbra. A irreverência da juventude que protagoniza destas proezas! No programa desse fim de semana, para além do convívio com amigos conterrâneos e duns passeios por Lisboa, também houve uma visita ao aeroporto, simplesmente para mirar os aviões…e os pilotos.
Neste dia, integrei um grupo de seniores da US, para uma visita guiada ao Regimento de Infantaria N.º10.
A viagem foi feita numa lancha que ia à pinha, num dia soalheiro, quase primaveril. À nossa espera, num restaurante local, havia uma soberba caldeirada de peixe, que só os nossos conterrâneos sabem fazer. Estava um pitéu!
A povoação de S. Jacinto, velha aldeia piscatória, conhecida já no recuado século XV pela denominação de Areias, só toma o nome deste santo dominicano, a partir de 1744, quando os pescadores ao puxarem as redes junto da ermida, trouxeram dentro delas uma imagem a que chamaram S. Jacinto.
Esta povoação, atualmente conhecida, não só pela existência de estaleiros navais como por um crescente desenvolvimento turístico, está intimamente ligada a uma presença militar. O espaço, onde se encontra, hoje, sediado o Regimento de Infantaria N.º10, é por força do seu passado militar, um caso único nas Forças Armadas Portuguesas. Ao longo de quase um século, desde 1 de Abril de 1918 até aos nossos dias, aquartelaram sucessivamente em S. Jacinto, uma pequena base francesa de apoio aeronaval e tropas dos três ramos das Forças Armadas Portuguesas: Armada, Força Aérea e Exército. Todas, em várias épocas, desempenharam papeis excecionalmente relevantes e decisivos, na defesa dos interesses da Nação.
A presença de militares na península de S. Jacinto iniciou-se em 1 de Abril de 1918, com a instalação precária de um pequeno Posto Aeronaval Francês, com o objetivo de efetuar a vigilância dos submarinos alemães que cruzavam a costa atlântica do nosso território europeu.
A Aviação Naval Francesa foi cativada pela Ria de Aveiro, que aí instalou a sua base de apoio operacional. Os oito hidroaviões franceses desembarcaram em Leixões e chegaram a S. Jacinto por terra, puxados por juntas de bois através dos areais do litoral. Esta primeira infraestrutura, bastante precária, era constituída por hangares e casas de madeira e lona.
Fizemos uma viagem na História, em que foram evocados os atos heroicos dos nossos militares, ao longo dos tempos, nas missões que desempenharam aquém e além fronteiras.
Foi nosso guia e dinamizador da visita, um membro das tropas paraquedistas, o Tenente-Coronel Carlos Fernandes. A sua experiência na Força Aérea, permitiu-lhe transmitir informação detalhada sobre as instalações, equipamento e atividades ali desenvolvidas.
Foi com enorme prazer que assistimos ao lançamento de paraquedistas, em série, de um avião militar que sobrevoou a Base. Intrépidos, estes jovens militares cumpriram a sua descida graciosamente e foram recebidos pelos seniores com uma salva de palmas. Os esbeltos mancebos merecem!
Tivemos o privilégio de ter como elemento do grupo o fotógrafo José Manuel Pereira, Formador da disciplina de Fotografia na Universidade Sénior, que fez a cobertura fotográfica do evento. Em simultâneo, inúmeras cameras não paravam de disparar. Toda a gente quer registar momentos, para mais tarde recordar.
22.02.2017