Desde que foi eleito, Francisco não fez férias. Não será por isso que o conhecido colunista do The New York Times David Brooks escreveu que "provavelmente precisamos de alguém do estilo do Papa Francisco na política". O que se passa é que Francisco sabe que tem uma missão urgente para a Igreja e para o mundo e realiza-a com convicção, humildade e inteligência, tendo-se tornado, de facto, um líder moral planetário.
No tempo que poderia ser de férias, esteve na Polónia, para a celebração da Jornada Mundial da Juventude, com a presença de quase dois milhões de jovens, a quem deixou uma mensagem de despedida, pedindo-lhes "memória, coragem e semear para o futuro". E aquela sua peregrinação solitária e silenciosa em Auschwitz foi um grito para toda a humanidade: "Ali, compreendi mais do que nunca o valor da memória, como advertência e responsabilidade para hoje e amanhã, para que a semente do ódio não cresça na história."
E continuou no anúncio e prática da mensagem cristã. "Temos muitas coisas, mas não podemos levá-las connosco. Recordar que a mortalha não tem bolsos." Denuncia a "casta" eclesiástica: "Há um profundo desprezo pelo povo santo de Deus. Já não são pastores, mas capatazes"; "a Igreja não precisa de burocratas, mas de pastores que cuidam e não maltratam". E visitou 20 mulheres que tinham sido libertadas da exploração sexual. Fará o possível para visitar as zonas de Itália afectadas pelo terramoto.
Não esquece a urgência da paz. Aí está a sua influência para o acordo de paz na Colômbia. Que "é inaceitável que tanta gente indefesa, especialmente tantas crianças, tenham de pagar o preço do conflito sírio". Recebeu com "dor e horror" a notícia da degola do padre francês por terroristas: "violência absurda". "O tráfico de seres humanos, de órgãos, o trabalho forçado e a prostituição são crimes contra a humanidade."
O seu empenho na renovação das estruturas da Igreja não esmorece. Nomeou uma comissão paritária para estudar a possibilidade da ordenação de mulheres como diaconisas. Quem está atento sabe que é pouco, mas poderá ser um ponto de partida para a concretização da plena igualdade de direitos de homens e mulheres na Igreja. Possivelmente, no próximo Sínodo dos Bispos, um dos temas será a ordenação como presbíteros de homens casados, o que lentamente levará ao termo da lei do celibato obrigatório. Provavelmente em Novembro haverá novo consistório para a criação de 13 novos cardeais eleitores, sendo seu critério a concretização da universalidade da Igreja, que se chama católica mas que continua eurocentrada. Nesta linha, poderia aparecer um cardeal russo e outro chinês. Note-se que o cardeal P. Parolin, secretário de Estado do Vaticano, acaba de anunciar que "há muitas esperanças para um novo ciclo" nas relações bilaterais entre o Vaticano e Pequim, "não só em benefício dos católicos da terra de Confúcio, mas para todo o país, uma das grandes civilizações do planeta". Incluindo "relações diplomáticas, se Deus quiser".
Outro campo que ocupa a atenção permanente de Francisco são o diálogo ecuménico inter-cristão e o diálogo inter-religioso. Celebrando-se no próximo ano o quinto centenário da Reforma, pronunciou-se em termos raramente ouvidos sobre Lutero: "Creio que as intuições de Martinho Lutero não eram equivocadas: era um reformador. Talvez alguns métodos não tenham sido os adequados, mas pensando naquele tempo vemos que a Igreja não era realmente um modelo a imitar: havia corrupção na Igreja, espírito mundano, apego ao dinheiro e ao poder. Por isso protestou. Aliás, era inteligente e deu um passo avante, justificando porque é que fazia isso. E hoje, luteranos e católicos, protestantes e todos, estamos de acordo sobre a doutrina da justificação: quanto a este ponto tão importante, ele não estava equivocado". Assim, estará na Suécia no dia 31 de Outubro próximo, para participar na celebração da Federação Luterana Mundial para comemorar os 500 anos da Reforma. Penso que não é de excluir, no próximo ano, o grande gesto que seria o de levantar a excomunhão a Lutero. Antes, no dia 20 de Setembro, estará com o patriarca ortodoxo Bartolomeu e 400 líderes religiosos de várias confissões em Assis, no trigésimo aniversário do primeiro encontro inter-religioso, com João Paulo II. "Sede de paz. Religiões e culturas em diálogo", é o lema da iniciativa inter-religiosa.
Entretanto, a oposição a Francisco não abranda, acentuada com uma carta de 45 clérigos e académicos, ultraconservadores, pedindo-lhe que "repudie uma lista de proposições erróneas", alegadamente presentes na exortação A Alegria do Amor sobre a família. O cardeal de Viena, Christoph Schönborn, que sobre a exortação se pronunciou como sendo "verdadeiro magistério de sã doutrina", referiu em entrevista: "Na Igreja, há uma oposição muito forte, significativa, activa e vociferante contra o Papa". Francisco disse-lhe: "Temos de convencer a oposição com carinho."
No tempo que poderia ser de férias, esteve na Polónia, para a celebração da Jornada Mundial da Juventude, com a presença de quase dois milhões de jovens, a quem deixou uma mensagem de despedida, pedindo-lhes "memória, coragem e semear para o futuro". E aquela sua peregrinação solitária e silenciosa em Auschwitz foi um grito para toda a humanidade: "Ali, compreendi mais do que nunca o valor da memória, como advertência e responsabilidade para hoje e amanhã, para que a semente do ódio não cresça na história."
E continuou no anúncio e prática da mensagem cristã. "Temos muitas coisas, mas não podemos levá-las connosco. Recordar que a mortalha não tem bolsos." Denuncia a "casta" eclesiástica: "Há um profundo desprezo pelo povo santo de Deus. Já não são pastores, mas capatazes"; "a Igreja não precisa de burocratas, mas de pastores que cuidam e não maltratam". E visitou 20 mulheres que tinham sido libertadas da exploração sexual. Fará o possível para visitar as zonas de Itália afectadas pelo terramoto.
Não esquece a urgência da paz. Aí está a sua influência para o acordo de paz na Colômbia. Que "é inaceitável que tanta gente indefesa, especialmente tantas crianças, tenham de pagar o preço do conflito sírio". Recebeu com "dor e horror" a notícia da degola do padre francês por terroristas: "violência absurda". "O tráfico de seres humanos, de órgãos, o trabalho forçado e a prostituição são crimes contra a humanidade."
O seu empenho na renovação das estruturas da Igreja não esmorece. Nomeou uma comissão paritária para estudar a possibilidade da ordenação de mulheres como diaconisas. Quem está atento sabe que é pouco, mas poderá ser um ponto de partida para a concretização da plena igualdade de direitos de homens e mulheres na Igreja. Possivelmente, no próximo Sínodo dos Bispos, um dos temas será a ordenação como presbíteros de homens casados, o que lentamente levará ao termo da lei do celibato obrigatório. Provavelmente em Novembro haverá novo consistório para a criação de 13 novos cardeais eleitores, sendo seu critério a concretização da universalidade da Igreja, que se chama católica mas que continua eurocentrada. Nesta linha, poderia aparecer um cardeal russo e outro chinês. Note-se que o cardeal P. Parolin, secretário de Estado do Vaticano, acaba de anunciar que "há muitas esperanças para um novo ciclo" nas relações bilaterais entre o Vaticano e Pequim, "não só em benefício dos católicos da terra de Confúcio, mas para todo o país, uma das grandes civilizações do planeta". Incluindo "relações diplomáticas, se Deus quiser".
Outro campo que ocupa a atenção permanente de Francisco são o diálogo ecuménico inter-cristão e o diálogo inter-religioso. Celebrando-se no próximo ano o quinto centenário da Reforma, pronunciou-se em termos raramente ouvidos sobre Lutero: "Creio que as intuições de Martinho Lutero não eram equivocadas: era um reformador. Talvez alguns métodos não tenham sido os adequados, mas pensando naquele tempo vemos que a Igreja não era realmente um modelo a imitar: havia corrupção na Igreja, espírito mundano, apego ao dinheiro e ao poder. Por isso protestou. Aliás, era inteligente e deu um passo avante, justificando porque é que fazia isso. E hoje, luteranos e católicos, protestantes e todos, estamos de acordo sobre a doutrina da justificação: quanto a este ponto tão importante, ele não estava equivocado". Assim, estará na Suécia no dia 31 de Outubro próximo, para participar na celebração da Federação Luterana Mundial para comemorar os 500 anos da Reforma. Penso que não é de excluir, no próximo ano, o grande gesto que seria o de levantar a excomunhão a Lutero. Antes, no dia 20 de Setembro, estará com o patriarca ortodoxo Bartolomeu e 400 líderes religiosos de várias confissões em Assis, no trigésimo aniversário do primeiro encontro inter-religioso, com João Paulo II. "Sede de paz. Religiões e culturas em diálogo", é o lema da iniciativa inter-religiosa.
Entretanto, a oposição a Francisco não abranda, acentuada com uma carta de 45 clérigos e académicos, ultraconservadores, pedindo-lhe que "repudie uma lista de proposições erróneas", alegadamente presentes na exortação A Alegria do Amor sobre a família. O cardeal de Viena, Christoph Schönborn, que sobre a exortação se pronunciou como sendo "verdadeiro magistério de sã doutrina", referiu em entrevista: "Na Igreja, há uma oposição muito forte, significativa, activa e vociferante contra o Papa". Francisco disse-lhe: "Temos de convencer a oposição com carinho."