«A nossa igreja transformou-se na tenda que Deus quis habitar entre nós». Isto mesmo afirmou o nosso prior, Padre César Fernandes, antes de dar o Menino a beijar, no encerramento do Cortejo dos Reis deste ano. Afinal, o cortejo traz até ao presente a peregrinação que os Reis Magos e seus séquitos fizeram, há mais de dois mil anos, em busca do Menino, guiados pela estrela de Belém, para O adorarem como filho de Deus.
O Padre César deu os parabéns a todo o povo da Gafanha da Nazaré por «manter viva esta tradição tão bonita», salientando que a recebemos dos nossos antepassados. «Esta tradição — sublinhou — está muito arreigada nas nossas gentes, e temos, por isso, de a transmitir aos vindouros», tão pura e genuína como a herdámos.
O nosso prior frisou que o Cortejo dos Reis é «a manifestação natalícia que mais se impôs», garantindo que «tem raízes profundas na nossa terra», envolvendo toda a comunidade.
Dirigiu, entretanto, palavras de gratidão «a todas as pessoas anónimas que trabalharam na sombra para que tudo funcionasse bem», nomeadamente, «aos figurantes e atores dos autos, cantores e músicos, aos leiloeiros e, ainda, àqueles que se incorporaram no cortejo e participaram no leilão».
O Cortejo dos Reis, que esteve programado para o domingo passado, dia 10, teve de ser adiado pelo mau tempo que se fez sentir. Mas como somos um povo persistente, este domingo, 17 de janeiro, já com o mês a meio, tinha mesmo que se realizar a festa natalícia com mais de um século de existência. O Menino Jesus pôde confirmar, se tal fosse necessário, que a nossa gente não desistiria da Sua e nossa festa. E o cortejo, com chuva e frio mais acentuados a partir do meio-dia, seguiu todo o trajeto habitual, sem falha alguma na participação, nos presentes e na alegria. «Andámos a tentar enganar o tempo, adiando uma semana... e no fim o tempo é que nos enganou», referiu o nosso prior. «Fizemos algumas coisas mais depressa, mas não interrompemos nada», concluiu o Padre César.
Fernando Martins com Jorge Pires Ferreira