“MEMÓRIAS QUE NÃO SÃO SÓ MEMÓRIAS”
Com chancela de TEMPO NOVO EDITORA, foi lançado recentemente um livro de Domingos Cerqueira — “MEMÓRIAS QUE NÃO SÃO SÓ MEMÓRIAS” — que merece ser lido, sobretudo para se conhecer a postura de um aveirense multifacetado e de uma personalidade interventiva marcante numa sociedade pluralista. Aveiro é, realmente, uma terra com espaço para todos os homens e mulheres que sentem ser sua obrigação dar-se à comunidade na medida das suas capacidades, pondo os interesses coletivos sempre muito acima dos eventuais interesses pessoais.
Diz-se, com razão, a meu ver, que memórias, diários, biografias e outros escritos semelhantes são a melhor forma de retratar o quotidiano das pessoas e sociedades, muito acima do que relatam os compêndios de história. É certo que atualmente têm surgido no mercado livreiro variadíssimas edições de obras que abordam questões de todos os tempos, com guerras, posições políticas, viagens, conquistas em várias frentes, esquecendo frequentemente o povo, etc., mas as memórias pessoais são mais expressivas, porque refletem o que os seus autores viveram e experimentaram.
Reputo, pois, de muito válido o livro do Domingos Cerqueira, que sempre apreciei como um homem de causas, honesto, frontal e polivalente, sem nunca fugir às responsabilidades assumidas, como aveirense, que o é de coração, mas também como político, dirigente associativo e na solidariedade social, desportista, administrador e, principalmente, como cristão leigo, pronto para testemunhar a mensagem evangélica no dia a dia, enquanto membro da Igreja e cidadão do mundo cada vez mais secularizado.
Sem pretender citar as muitas facetas do autor, que isso está patente no livro, fico-me por sublinhar a sua capacidade de intervenção nos órgãos de comunicação social, porque não é capaz de ficar indiferente às injustiças, àquilo que considera errado para a sociedade aveirense. Não será nem foi, por isso, uma personalidade cómoda.
Na contracapa do livro, Domingos Cerqueira destaca algumas ideias que são a síntese do seu comportamento:
«Ter procurado estar na vida, sempre, com total frontalidade»; «Não ter procedido, nunca, para fazer o favor a este ou àquele»; «Não estar no mundo “para fazer a paz”, mas para desmascarar as injustiças, os compadrios, os oportunistas, os incompetentes, os que calcam os interesses dos semelhantes para governar as suas vidinhas.»
Os meus parabéns ao Domingos Cerqueira por ter publicado o livro. Deixá-lo só para os filhos, netos, esposa e memória dos seus pais seria uma pena.
Fernando Martins