Reflexão de Georgino Rocha
«Jesus adolescente
surpreende pela positiva»
surpreende pela positiva»
Jesus, após ter feito doze anos, vai com os país a Jerusalém tomar parte na celebração da festa da Páscoa. Vai e fica, sem dizer nada a ninguém. Apresenta-se na reunião dos doutores que debatem a interpretação das Escrituras. Ouve explicações e faz perguntas. Dá respostas que causam espanto aos reconhecidos letrados. Deixa-os surpreendidos pela inteligência revelada. Questiona a mãe que, angustiada, o procura com José. Ouve calmamente a sua queixa e acolhe o seu desabafo colocando-lhes uma questão: ”Porque me procuráveis?” Abre horizontes novos aos estreitos espaços familiares de sangue: “Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?”. E não acrescenta mais nada, apesar deles não haverem entendido o alcance do que lhes disse. Compreenderão mais tarde em Nazaré e na realização da missão itinerante por terras da Galileia e arredores.
Incorpora-se no grupo que o procurava. Vem com os Pais para a casa da família. Exercita-se na obediência filial. Vive as leis do tempo, crescendo fisicamente e em idade, em sabedoria e em graça. Aprende a trabalhar, a ir à sinagoga, a observar o que acontece. Cultiva o silêncio interior de comunhão com o Pai e o olhar atento de solidariedade com os vizinhos. Faz da rotina diária a escola de aprendizagem do que é ser realmente humano. Sonha com o dia de se apresentar, entre pecadores, a João no rio Jordão e ouvir a declaração solene: “Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência”.
E levanta-se o véu da sua nova família que o envia como missionário itinerante a anunciar que Deus é Pai comum e os humanos são todos irmãos. Injecta assim uma nova seiva nas veias cansadas da humanidade e reorienta o sentido dos bens colocando-os ao serviço de todos.
Jesus adolescente é surpreendente. Não por rebeldia, mas por obediência. Não por afirmação auto-suficiente, mas por relação dependente. Não por capricho momentâneo, mas por atitude constante: fazer a vontade d’Aquele que o enviou.
As surpresas que o seu comportamento manifesta ajudam-nos a penetrar na grandeza da simplicidade da família de Nazaré, na busca persistente da verdade que se revela de forma cada vez mais nítida, na escuta paciente do outro que sente o peso das limitações e o cansaço dos esforços feitos, no respeito pela liberdade atenta e disponível para a prática do bem e a contemplação da beleza, na carícia de quem sabe apreciar o amor de Deus e se deixa envolver por ele.
“Baixar, vir a Nazaré, estar sob autoridade, obedecer perfeitamente, aqui está toda a sabedoria” – afirma São Jerónimo. E continua o diligente estudioso da Bíblia sagrada: “Isto é ser sábio com sobriedade. A simplicidade pura é «como a água de Siloé que corre em silêncio (Is 8, 6). Há pessoas sábias nas ordens religiosas; mas é através de homens simples que Deus se dignou unir-se a nós. Deus escolheu os humildes do mundo, os desprezados para, através deles, se unir aos que eram sábios no humano, poderosos e aristocratas, «para que ninguém se possa gloriar na presença do Senhor (1ª Cor ), mas naquele que desceu, veio a Nazaré e estava sob a autoridade de outros”.
Em Nazaré, a família de Jesus, Maria e José vivia sob o olhar bondoso de Deus Pai. Fazer a Sua vontade é a mais perfeita obediência que nos eleva aos seus desígnios de realização plena, na verdade que liberta e no amor que humaniza.