Na ria de Aveiro
Quero um pequenino
Barco moliceiro.
Também sou menino.
Na ria de Aveiro
Podeis vir comigo,
Barco moliceiro
Nunca tem perigo.
Nunca se naufraga
Na ria inocente:
Da crista da vaga
Vêm braços à gente.
Quer vão ao moliço,
Quer soltem as redes,
O mar é submisso
Aos barcos que vedes.
Brancas, amarelas,
Na ria de Aveiro
Se espalham as velas:
Brinquedo ligeiro.
Também sou menino,
Ó moças de Aveiro!
Dai-me um pequenino
Barco moliceiro.
RIBEIRO COUTO
1944
Ribeiro Couto (1898-1963) terá passado por Aveiro em 1944 – pelo menos é essa a data do seu poema –, onde se deixou cativar pela graça quase alada dos barcos moliceiros. Caso Curioso, na mesma época estabeleceria relações de Índole literária com Mário Sacramento.
“Aveiro e o seu Distrito”, n.º 20, Dezembro de 1975