Bateiras à espera do Porto de Abrigo |
Uma peregrinação
religiosamente cumprida
A Lita vai provar o vinho |
Todos os anos, em dia incerto, impõe-se uma visita à Torreia. A praia da minha mulher, que na infância e juventude frequentava, ou não fosse ela natural de Pardilhó, faz parte do seu imaginário. Quando lá chegamos, é certo e sabido que da sua memória saltam, em catadupa, recordações que por ali vivenciou. As casas onde ficou hospedada, as pessoas com quem conviveu, as colegas e amigas que entretanto se dispersaram, as brincadeiras no areal, o São Paio, as passagens de barco da Bestida para a Torreira depois da viagem de bicicleta e tantas outras.
Por tudo isso, lá vamos, em jeito de peregrinação, religiosamente cumprida, apreciar o casario, olhar o mar, contemplar a laguna, admirar a paisagem e os pescadores na safra dos seus quotidianos. Rostos e gestos sempre iguais, de quem, com canseira e esforço, granjeia no mar e na ria o pão de cada dia.
Casas (contrastes) |
Com as nossas digitais registámos algo do que vimos. E muito foi. Rotundas, arruamentos, ciclovias, zonas ajardinadas, casario novo em contraste, nem sempre feliz, com o antigo. Passámos pelo Bar do Guedes (é assim que o conheço), proprietário que foi de uma casa de fotografia no Monte, Murtosa. E fomos almoçar ao restaurante A Varina. Desta feita não amesendámos na esplanada, mas no interior, mais sossegado e acolhedor, onde fomos bem servidos. Bem servidos pelo acolhimento e solicitude, com comida saborosa e à medida dos nossos gostos caseiros. Bacalhau no ponto, com broa tostada, para a minha esposa; e carne de porco à alentejana, onde a ameijoa marcava presença generosa. Vinho bom que, nestes pratos, não se pode brincar com a bebida.
O restaurante A Varina já era nosso conhecido, é certo, há bons anos, mas foi-nos sugerido por uma jovem mãe que passeava perto com o seu bebé. Tenho este hábito de perguntar onde se come bem. E a resposta que a jovem nos deu foi clara: Vá ao Varina que não se arrependerá. E bateu certo.
Fernando Martins