Crónica de Maria Donzília Almeida
“Being happy” – Ser feliz
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Quando os tem, ali ... na ponta do nariz!
Mário Quintana
É o título de um
livro que me saltou à vista, quando deambulava por uma zona comercial, na
capital londrina. Despertou a
minha curiosidade, tanto pelo significado, como pela informação adicional de
que se tratava de um bestseller.
Esta cena ocorreu nos idos tempos de finais
do século passado, 1995 e influenciou, profundamente, a minha mundividência, a
partir de então.
É um tema muito pertinente, já que é um
desiderato de todos sem exceção e também, simultaneamente uma frustração para
tantos que a perseguem e nunca a alcançam. Mas.....será que há fórmulas para se
atingir na vida aquele estado de supremo bem estar a que se apelida de
felicidade?
Há quem confunda conforto com felicidade, o
que incorre numa conclusão precipitada e absurda: os mais abastados seriam
todos felizes, os pobrezinhos seriam infelizes. Sem menosprezar o contributo do
suporte material para a consecução das nossas necessidades, seria muito redutor
atribuir ao dinheiro a razão da felicidade das pessoas. Não vamos cair em
extremismos e pensar que “O dinheiro é a raiz de todos os males”, logo
contraposta pela afirmação do bom vivant:
“Mas quão bela é a sua folhagem!”
De tão subjetivo, o tema permite a cada um
a sua própria construção desse conceito pessoal de bem estar , de bem
aventurança.
Quantas vezes nos sentimos infelizes porque
fazemos depender a nossa felicidade de circunstâncias externas, materiais, que
mais não são que entraves à nossa paz e fruição interior do momento presente.
Após a aquisição do livro referido fiz uma
leitura compulsiva, pois não descansei enquanto não absorvi a essência do
mesmo. Quis, de uma forma rápida, saber o que de novo o Andrew tinha para me
dizer e ajudar-me no caminho para a felicidade. Em muita coisa, confirmei as
ideias já formadas, noutros pontos, aprendi a trilhar veredas conducentes ao
bem estar psíquico.
Reforcei os valores adquiridos por herança
paterna, entre os quais se destaca a harmonia do homem com o seu próximo,
quer seja nos humanos, quer seja nos animais, quer seja no ambiente que nos
rodeia. Viver, em harmonia, foi a palavra chave, o Leitmotiv transmitido pelo Zé da Rosa à sua prole. A harmonia traz
apaziguamento, bonomia, bem estar que são precursores da felicidade.
Não é mais feliz, aquele que parece ter uma
vida livre de escolhos, mas sim aquele que lida com a adversidade de forma
construtiva e superadora. Comemora-se o sucesso, mas não se aprende com ele. As
agruras da vida, essas sim, acicatam o nosso engenho e arte que acabam por ser
os condimentos duma vida bem sucedida, que aprendeu a vencer as dificuldades e
não a sucumbir a elas.
Viver é uma arte e ser feliz, como diz
Andrew Mattews é uma decisão pessoal, aqui e agora!
E se toda a gente gostaria de viver no cimo
da montanha, esquece-se que o caminho para a felicidade está na escalada, como
afirmou Gabriel Garcia Marques.
O bestseller
que outrora atraiu a minha atenção é, hoje, a minha “bíblia” de consulta quase
diária e que guardo, religiosamente, na mesa de cabeceira.
07.11.2014