Os meus santos
A Igreja Católica celebra hoje o Dia de Todos os Santos. Tanto os que mereceram as honras dos altares como os que, mesmo sem o reconhecimento oficial da Igreja, têm lugar especial no coração de Deus, pelos seus méritos pessoais em prol da humanidade. Estou em crer que até lá estarão muitos que nem católicos ou cristão foram. Só Deus sabe, porque os critérios dos homens não são infalíveis. É claro que a Igreja tem, com a declaração de santidade que contempla alguns, por objetivos apontar aos homens exemplos de vidas que levaram à prática a Boa Nova de Jesus Cristo, contribuindo, de forma indelével, para um mundo melhor.
Para além desses, cada pessoa terá os seus santos, aqueles que, pela palavra e pelo exemplo, de maneira muito concreta, os ajudaram a seguir caminhos de verdade, de justiça, de amor e de paz. Eu estou na linha dos que neste dia recordam os seus santos. Atrevo-me a dizer que houve muita gente que me foi próxima e que me ajudou a tomar decisões de harmonia com as verdades evangélicas e humanistas. Os meus pais, os avós que conheci, tios e tias, padrinho e madrinha, vizinhos, amigos, professores, a minha mestra da catequese, priores que me deram pistas de fé, padres com uma espiritualidade muito própria, pessoas com quem me cruzei na vida, mesmo não crentes. Todos os que, enfim, me abriram portas de caridade e de solidariedade, convencendo-me que a sociedade sem bondade, sem ternura, sem compreensão e sem partilha não progride no sentido da justiça e da paz. São esses santos que eu venero. Há outros, alguns com auréolas, que nada me dizem.
Fernando Martins