12 de agosto 3.º feira
Balanço de uma viagem
Após dez dias de estadia num país de sonho, chega a altura de pegar nas bagagens e regressar a penates.
Sair da rotina é, para mim, uma necessidade do corpo e da alma e viajar constitui o alimento dessa fuga tão necessária. Uma vez por ano, permito-me essa evasão.
Viajar é sair do círculo fechado em que nos movimentamos, da nossa zona de conforto e mergulhar no desconhecido. É conhecer mais que novas culturas, é ter acesso a novas e variadas formas de interpretar a vida, dando a oportunidade de se regressar para um dia-a-dia com mais energia e vontade de viver!
É uma forma de valorizar o nosso pecúlio, constituindo um investimento mais rentável que outro qualquer que se faz na banca….nomeadamente, na portuguesa!
Aí, há uma grande probabilidade de se ter prezuizo. No primeiro, há sempre dividendos!
Há uma grande oportunidade de desenvolver capacidades/aptidões. O improviso, as diferenças, a adaptação.. Tudo é uma escola para aprender coisas novas! E o professor, com toda a sua abrangência/versatilidade… está sempre a capitalizar.
Voltamos com menos preconceitos, tornando-nos pessoas melhores. Viajar é a melhor maneira de vivenciar a tolerância, conviver com diferenças e aceitá-las.
Viajar potencia o valor do que está perto. A distância é a melhor forma de descobrir e valorizar o que é nosso, o almoço simples de domingo num restaurante local, as paisagens que nos são familiares, os amigos de perto… É descobrindo o vasto mundo que se percebe o valor do nosso pequeno mundo!
Quantas vezes, na Tailândia, suspirei pelas nortadas que na nossa zona são tão persistentes quanto indesejadas! Uma simples brisa marítima já nos aliviaria do calor infernal que nos amolecia.
Ali, senti o quanto amava a minha boa zona litoral. Era uma miragem no nosso anseio de libertação daquelas temperaturas tórridas num clima tropical do sudeste asiático.
Sair do seu país é a forma mais divertida de obter novas referências e respirar novidades! A maior escola do mundo é de facto o mundo! Eu mergulhei a pique nesse vasto oceano!
Quando viajo, percorro o mundo que descobri pelas páginas de livros, que fui lendo ao longo da vida e que nos tempos modernos se consubstancia numa simples pesquisa na WWW. É a concretização, in loco, de toda a informação colhida e saboreada virtualmente. É tomar o paladar das iguarias, latu sensu, não só cheirá-las! É a sinestesia dos sentidos. A atmosfera tailandesa rescende a especiarias exóticas.
Viajar é conhecer-se e reinventar-se. Quando viajo, um pedaço meu fica no destino e um pedacinho do destino volta comigo. Essa troca de bagagens é algo único e enriquecedor! É tornar-se criança, é voltar a ser curioso e deixar de ter medos. É brincar com a descoberta de algo que, independentemente da idade, será sempre fascinante! A viagem no dorso de um elefante, sentar-me na sua tromba para a foto, trouxeram, à tona, a criança que há em mim. A interação com os paquidermes, fez vir ao de cima aquilo que é a nosssa verdadeira identidade ….
Se no avião até ao Dubai, viajei ao lado do angolano Lenine, com quem mantive uma amistosa conversação, no regresso de Bangkok até ao Dubai, vim lado a lado com um árabe genuino. Ostentava a indumentária típica, uma longa túnica branca que me evocava a batina preta dos padres de aldeia, noutros tempos, cheia de botõezinhos à frente….Para coroar esta figura de estilo….lá estava o turbante característico bem assertoado na cabeça. Metia respeito aquela criatura bem fornecida de carnes, onde os pêlos das narinas espreitavam cá para fora! Mantive-me em silêncio o tempo todo, pese embora a cumplicidade dos sorrisos que troquei com a minha outra companheira de viagem. Não fosse ele levantar a enorme manápula e pousá-la na minha fragilidade latina…
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