quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Mudam-se os tempos...





Este governo não pára de nos surpreender.
O ensino de Inglês nas atividades de enriquecimento curricular (AEC), do 1. º Ciclo do Ensino Básico, deixou de ser obrigatório.
No despacho nº 9265-B/2013, assinado em julho pelo ministro da Educação, Nuno Crato, não refere qualquer obrigatoriedade em relação a esta disciplina, ao contrário do que acontecia no despacho anterior (n.º 14 460/2008 (2.ª série) de 26 de Maio), em que era especificado que “os planos de atividades dos agrupamentos de escolas incluem obrigatoriamente para todo o 1.º ciclo, como atividades de enriquecimento curricular, as seguintes: Apoio ao estudo e Ensino do inglês.”
Agora, ao encurtar as Atividades de Enriquecimento Curricular (AECs) o ministro da Educação acabou com a obrigatoriedade do ensino de Inglês. Cabe às escolas decidir. Refere Nuno Crato que prefere as palavras autonomia e liberdade, à palavra obrigatório! 


Há escolas que, este ano letivo, deixaram de oferecer Inglês no 1.º ciclo ou que mantêm a oferta apenas em alguns anos de escolaridade, enquanto outras continuam a ensinar a língua. A variedade de situações é possível já que os estabelecimentos de ensino deixaram de ser obrigados a facultar estas aulas. Um golpe mais na escola pública! Os paizinhos com dinheiro, colocarão os filhos, nas escolas particulares de línguas
Na era da globalização em que nos encontramos, há cada vez mais a necessidade de usar um veículo de comunicação universal que permita às pessoas, essa mesma comunicação. Está confirmada já, como língua franca, o Inglês que detém o 1º lugar no ranking das línguas estrangeiras.
Foi num rasgo de vanguardismo que no governo de Sócrates se implementou o ensino do Inglês, já no 1º ciclo. Era uma oferta curricular, sim, mas teve a adesão em massa dos pais dos alunos que ingressavam na escola.
Está provado que uma língua estrangeira deve ser aprendida/ensinada a partir da mais tenra idade, para assim criar as bases sólidas de uma boa estruturação da mesma.
Vem agora o ministro Nuno Crato rebater esse pressuposto, afirmando que se deve privilegiar as disciplinas estruturantes, nas quais se insere a língua materna.
Sabem os professores que lecionam ambas, que não há qualquer problema na aprendizagem de duas línguas em simultâneo, sendo que deve continuar a ser dada primazia à aprendizagem da língua inglesa.
No momento em que o país se debate com sérios problemas de desemprego a nível geral e particularmente na classe que integro, solidarizo-me com os colegas mais novos que vão engrossar as listas nesse setor.
As AEC eram uma forma de ocupar um grande contingente de jovens professores em início de carreira, que as autarquias recrutavam e colocavam nas escolas do 1º ciclo.
Mais uma machadada na classe docente e não venha o senhor ministro opinar sobre a melhor altura para se aprender uma língua estrangeira. Quando a política envereda por caminhos destes, apetece remontar ao século passado e lembrar com saudade os tempos, a esperança e a frustração que nos trouxe a revolução de Abril.
Dizem os saudosistas dum país acabrunhado mas pacífico, onde os políticos impunham regras: “Antes da revolução do 25 de Abril de 1974.....Portugal estava à beira do abismo! Depois.............deu um passo em frente!”

Mª Donzília Almeida

19.09.2013

2 comentários:

  1. Esta deliberação patética, é mais uma machadada na igualdade de oportunidades entre alunos do mesmo escalão etário!
    Quando estes alunos excluídos da aprendizagem no 1º ciclo, se encontrarem no 2º ciclo com os demais, qual vai ser a sua motivação de aprendizagem relativamente aos outros colegas?!... E o professor de inglês como vai equilibrar os saberes de cada aluno?!
    É caso para dizer: - Agora que venha cá o Sr. Nuno Crato descalçar esta bota e fazer justiça aos meninos discriminados pela sua burrice!...

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  2. Meu caro amigo! Isto só vem acentuar o fosso entre pobres e ricos e dar uma golpada na escola pública! Com esta medida, a tutela mata vários coelhos duma só cajadada!Poupa dinheiro em muitas frentes!Quem disse que as despesas, na educação, são despesa e não investimento? Só os miopes...

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