Uma novidade na Figueira da Foz
Desde que me habituei a passar uns dias na Figueira da Foz, já lá vão 13 anos, a visita à Livraria Havanesa era obrigatória. Os livros sempre me atraíram e ali encontrava uma gerente e funcionárias acolhedoras, sobretudo a primeira, que sabia sugerir leituras interessantes e até importantes, tanto da literatura como sobre a Figueira da Foz. Pude confirmar que por ali passava a elite intelectual da terra e não só. Os visitantes, de passagem ou de férias, conversavam com ela de vivências de anos passados e notava-se, com facilidade, uma natural cumplicidade cultural. Eu não passava de mero observador e na Havanesa identifiquei personalidades da vida literária e não só.
Já não ia à Figueira há uns tempos e das últimas vezes, por dificuldades de locomoção, que as pernas não gostam muito de subidas e descidas, não passei pela Havanesa, pelo que ontem fiquei surpreendido. A Havanesa tinha mudado de gerência e deixou de ser aquele ponto de encontro de amigos de livros, que se encostavam ao balcão para uma troca de impressões sobre a Figueira e literaturas. A surpresa, contudo, foi agradável. Se a venda de livros se democratizou, se as livrarias clássicas perderam na competição comercial com as grandes superfícies e com os grandes grupos económicos que tudo dominam com as suas campanhas de promoções desenfreadas, então os responsáveis pela Havanesa deram um salto qualificativo, transformando-a em restaurante, café e bar, mantendo livros como aperitivos. Ontem estava na hora de regresso à Gafanha da Nazaré, mas prometo voltar, para comprar livros, meu prazer de há muito, mas ainda para saborear uns petiscos, de que sou um apreciador certo, mas comedido.