Curva do Danúbio
“A semelhança entre o rio Danúbio e a mulher...
é que ambos têm curvas acentuadas e...
por vezes, perigosas para a navegação.”
Madona
Donzília na Curva do Danúbio |
Deixando para trás, Viena de Áustria, partimos, de manhã, em direção a uma famosa região da Hungria. A nossa guia, a Verónica, uma húngara de gema, hoje sentiu-se como peixe na água... do Danúbio!
Curva do Danúbio é a designação dada a uma zona muito bonita que inclui as suas margens entre Budapeste e Esztergom. Aqui, o rio corre entre as montanhas de Börzsöny e Visegrad e o seu curso de oeste para leste muda de norte para sul, fazendo uma curva de 90 graus. Esta paisagem, um dos destinos turísticos mais procurados do país, transmite uma calma e espiritualidade próprias de lugares míticos.
Na primeira paragem, visitámos a cidade Esztergom, o centro da igreja católica húngara. A catedral de Esztergom é a maior igreja da Hungria, onde pudemos visitar a capela Bakócz e a tumba do cardeal Mindszenty.
Esztergom, a cerca de 50 km a noroeste de Budapeste, é uma cidade relativamente pequena, fica na margem direita do Danúbio, que constitui, naquele trecho, a fronteira com a Eslováquia.
Foi a capital da Hungria, do século X até ao século XIII, antes de a corte se mudar para Buda e ainda hoje é a sede do arcebispado, embora na altura da ocupação turca, os arcebispos habitassem em Bratislava. Depois da retirada dos turcos, vieram imigrantes alemães e eslovacos.
A próxima paragem foi em Szentendre, Santo André, uma cidade conhecida pelo seu ambiente artístico e cultural, com muitos museus, galerias cafés e restaurantes. Na época dos romanos, já existia aqui uma povoação. No século XVIII, depois da libertação do Império Otomano que tinha ocupado uma parte da Hungria durante ca. de 150 anos, chegaram a Szentendre pessoas de diversas nacionalidades, nomeadamente, da Sérvia, Dalmácia e Grécia. Os imigrantes, incluindo eslovacos e alemães, aculturaram-se na sua nova terra. Tem uma arquitetura, predominantemente, barroca, ruas estreitas, praças pequenas e igrejas, muitas do culto ortodoxo.
Tivemos tempo livre para percorrermos esta pitoresca vila, que se desenvolve, numa marginal do Danúbio, cheia de turistas a comprar artesanato local.
Prosseguimos a viagem para Visegrad, antiga sede real da Hungria. Do eslavo, cidade ou fortificação alta, é uma vila e um castelo a norte de Budapeste, na margem direita do rio Danúbio. A vila é famosa pelas ruínas do palácio de verão do Rei Matias Corvino, século XV e pelo seu castelo no alto do monte, mas sobretudo, pela vista panorâmica que abrange a paisagem circundante à Curva do Danúbio.
A fortificação, num ponto altaneiro, foi construída por ordem do rei Bela IV depois da invasão dos tártaros, século XIII. Ainda na Idade Média surgiram a Torre do Salomão e a Torre da Água, organizando os edifícios em forma de muralha. Com o passar do tempo, a fortificação foi sendo abandonada aos poucos e por fim desapareceu da vista, coberta de pedras e terra, até que em 1934 uma cripta foi descoberta. Assim é que surgiu a ideia de começar a desenterrar as ruínas, e mais tarde decidiram reconstuir uma parte do castelo.
O palácio real ao pé do monte foi construído por ordem do rei Carlos Roberto, século XIV. Visegrad ficou famoso por um acontecimento histórico do século XIV: em 1335 os reis da Europa Central e o chefe da ordem dos cavaleiros teutónicos reuniram-se aqui para discutir as estratégias da defesa contra a agressão da casa dos Habsburgos.
Antes de voltar para Budapeste, tivemos tempo livre para fazer compras no centro e conhecer o famoso museu da ceramista Kovács Margit. Com tantos doce regionais a emoldurar as obras da artista, perdemo-nos na degustação do chocolate. A arte ficou-se pela contemplação!
Almoçámos num restaurante local, onde pela 1ª vez nos foi servido arroz. Parece coisa rara nestas paragens! A gastronomia local é uma descoberta permanente, pois se reveste de sabores e texturas muito diferentes das nossas... que, diga-se, a título de curiosidade, não ficam nada atrás! Já tenho saudades do caldo verde e da canja de galinha!
Levamos sempre um confessor a bordo, para o caso de alguém cometer o pecado da gula!
Parece que todos os companheiros de viagem são pessoas equilibradas... pois até agora, não assisti a nenhuma confissão!
M.ª Donzília Almeida
21.08.2013