A Diocese de Aveiro propõe-nos para hoje, 11 de junho, gestos simples de saudação, ao jeito de outros tempos de boas memórias e práticas de proximidade. Antigamente, isto é, na minha meninice e juventude era prática comum as pessoas saudarem-se durante o dia com um “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”. Não custava nada e era sinal de boa educação e de respeito pelos outros. E essa norma ensaiava-se em casa, está bem de ver.
Infelizmente, não vejo isso agora entre gente que chega, passa a correr e parte. Frieza pura que nos retira um certo halo de humanidade. Vivemos, ao que julgo, indiferentes ao mundo dos outros, como fruto de um individualismo seco e de um egoísmo feroz.
Há tempos, num prédio com elevador, ao chegar para subir, chamei-o. Aparece uma senhora bem parecida, mas fria. Não me cumprimenta e espera o elevador. Abri a porta e convidei-a a entrar. Entra, senhora do seu nariz arrebitado. A meio da viagem abro-lhe a porta para sair no andar em que vivia. Sai sem nada dizer e indiferente a quem lhe abriu a porta para entrar e sair. Arrogante, empertigada, indiferente.
Disse-lhe então:
— Bom dia!
— Bom dia! — respondeu ela um tanto secamente e atrapalhada.
Se fosse delicada e educada nem seria preciso o meu “bom dia” forçado.
Na reunião do condomínio falei disto, sem citar fosse quem fosse. Lembrei que no prédio ninguém se conhece e que seria interessante sentirmos que vivemos debaixo do mesmo teto. Enfim, que seria importante que nos saudássemos nos átrios e no elevador, cultivando o espírito de vizinhança.
Feito o cartaz com estas recomendações, resultou para alguns, como confirmei, mas outros permaneceram estáticos, fechados a sete chaves, com medo da vizinhança. É pena.
Fernando Martins