segunda-feira, 8 de abril de 2013

DIA MUNDIAL DOS CIGANOS - 8 de abril

A caravana lá vai a caminho...



A MAIOR MINORIA DA EUROPA
Maria Donzilia Almeida

Incómodo para uns, polémico para muitos, o tema despertou a minha atenção, desde que foi inscrito no meu ambiente de trabalho.
A temática dos ciganos começou a despertar-me interesse, quando lidei, de perto, com esta minoria étnica, tão significativa. A minha relação com eles, sempre se pautou por uma grande cordialidade e respeito mútuo, em que o trabalho fluía sem impedimentos ou quaisquer constrangimentos. Despertando no comum dos mortais os mais contraditórios sentimentos, são uma camada de gente, muito peculiar, que tem suscitado estudos aprofundados, no sentido duma maior compreensão e consequente integração.
As populações ciganas, atualmente espalhadas por todo o continente europeu são muito diferentes entre si. Todas têm, contudo, em comum, uma única população ancestral, como prova agora o estudo do seu ADN.


Os ciganos representam a maior minoria da Europa. São cerca de 11 milhões, excedendo a população de Portugal. Mas não há registos escritos da sua história, nem tão-pouco das suas deambulações pelo mundo. Isso levou um grupo de geneticistas de 15 países europeus - Portugal, Espanha, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Hungria, Croácia, Eslováquia, Sérvia, Grécia, Roménia, Bulgária, Ucrânia, Lituânia e Estónia - a congregar esforços para determinar, através de uma análise ao ADN das várias comunidades ciganas, a origem e o percurso geográfico da diáspora cigana.
Por um lado, os resultados vêm confirmar que, apesar das grandes diferenças culturais, religiosas e linguísticas que existem entre as diversas comunidades ciganas que hoje residem nos países europeus, os seus antepassados vieram do mesmo local geográfico. Por outro, permitem estimar a data em que os ciganos ancestrais saíram do seu "berço" genético, bem como a data em que teve início a sua expansão pela Europa fora.
A partir de amostras biológicas provenientes das comunidades ciganas de 13 países, os cientistas realizaram uma análise global de 152 genomas. A seguir, compararam-nos com os de diversas outras populações, nomeadamente de europeus não-ciganos, para remontar até ao ponto geográfico de origem dos antepassados dos ciganos atuais e seguir-lhes depois o rasto ao longo do tempo.
Os cientistas puderam assim concluir que tudo começou no Noroeste da Índia, há uns 1500 anos.
Quem já visitou a Índia ou por outro qualquer meio conviveu com indianos, reconhece as semelhanças, bem patentes nestes povos. A pele tisnada, os cabelos negros escorridos são algumas das características que ressaltam, à primeira vista.
Quando chegaram, à Europa via Balcãs, (mais precisamente a Bulgária), os ciganos começaram, há cerca de 900 anos, a espalhar-se por todo o continente, até à Península Ibérica e ao País de Gales, misturando-se, ainda que de forma limitada, com as populações autóctones que iam encontrando.
A Portugal, chegaram os primeiros ciganos, em 1462. Uma das particularidades que o novo estudo genético revelou é que a diáspora cigana terá sido o resultado de migrações sucessivas de grupos muito pequenos, quase de grupos familiares. Isso fez com que as diversas populações se diferenciassem rapidamente umas das outras do ponto vista genético.
Como eram poucos indivíduos, nunca representavam totalmente a população de onde tinham saído.
O facto de a ancestralidade dos ciganos ser indiana não foi uma surpresa. Os estudos linguísticos já apontavam para a Índia. Contudo, a genética permitiu descartar algumas hipóteses quanto ao percurso exacto dos grupos ciganos entre a Índia e a Europa.
Pensa-se que os ciganos teriam chegado à Península Ibérica, via Norte de África. Mas os cientistas não encontraram agora qualquer indício genético que permita sustentar essa hipótese. Pode ser que alguns grupos tenham por lá passado, mas, se isso aconteceu, não deixaram descendentes.
Talvez as dificuldades que tiveram de vencer para sobreviver às intempéries da vida, no seu périplo pelo mundo, seja a razão justificativa para a coesão e manutenção tão arreigada dos seus costumes e tradições. Se, como o povo diz, a união faz a força, o povo cigano é a demonstração inequívoca desta realidade!


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