Já foste menina
Albertina Vaz
«Já foste menina de vestido cor-de-rosa e lacinhos de cetim, menina de olhar doce e embalo de boneca, menina de brincar às cozinhas e passear carrinhos, menina de correr no jardim e de sonhar flores imaginárias ou pássaros de mil cores.
Depois assomaste à janela com Gedeão e chorámos contigo em “lágrima de preta” e foste “mulher da erva” com Zeca Afonso, e mãe com Pessoa, chorando “o menino de sua mãe”. E deram-te o nome de “Rainha” de Neruda e provaste o “amor errante” de Alegre…
Depois foste mulher, mãe, escrava da vida, Luísa na “Calçada de Carriche” de Gedeão; filha chorando a mãe com Drummond de Andrade - “Sempre”; já te sentiste traída como conta Eugénio de Andrade – “Poema à Mãe”; já foste saudade com José Jorge Letria - “Quando eu for Pequeno”.
E soubeste ser “Nini dos meus quinze anos” com Paulo de Carvalho e cantaste “Os amantes com Casa” de Joaquim Pessoa e a “Ternura” de Mourão-Ferreira mais o “Porquinho da Índia” de Manuel Bandeira. Depois acabaste por ser o “Meu amor, meu amor, minha estrela da tarde” de Ary dos Santos.»
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