ESTRELA GUIA QUEM PROCURA JESUS
Georgino Rocha
Magos encontram Jesus-Menino |
Os Magos, protagonistas da procura de Jesus-Menino, são guiados por uma estrela em todo o seu percurso: da terra natal à cidade de Jerusalém e a Belém, local onde O vêm a encontrar. Mais do que a importância histórica, os Evangelhos da Infância destacam o alcance simbólico desta procura, as fases do processo de amadurecimento humano que se expressa na prostração e adoração, gestos típicos de quem alcança uma fé sólida e profunda. Fazem o itinerário pessoalmente e em conjunto, dimensões específicas da fé cristã. Sentem dificuldades e deparam-se com obstáculos que, persistentemente, vão superando. Aguentam períodos de ocultamento das certezas e afrouxamento das convicções, mas a força do desejo alimentado pela confiança impele-os a avançar.
Chegam finalmente. A estrela-guia pára “sobre o local onde estava o Menino”. Exultam de alegria e entram em casa. Os seus olhos podem ver o que o coração pressentia: O Menino com Maria, sua Mãe. Ele é o Rei dos Judeus, como declarará mais tarde perante Pilatos. A atitude consequente é de entrega total, de aceitação incondicional de quem é aquele Menino e do que representa como oferta de Deus à humanidade. Prostram-se em adoração, abrem os tesouros de ouro, incenso e mirra, dons expressivos da nobre e frágil condição daquele que tão ardentemente queriam contemplar. Fazem um gesto ritual que se converte em símbolo qualificado do encontro pessoal com Deus e da comunhão envolvente no seu propósito de salvação.
O candidato à vida cristã pode inspirar-se no exemplo-tipo dos Magos: deixar-se surpreender pelos sinais de Deus no mundo de hoje – o que supõe vencer a indiferença e estar atento ao que acontece -, corresponder ao desejo suscitado pela curiosidade e procurar respostas adequadas, aceitar a companhia de outros que alimentam aspirações semelhantes, vencer as provas inevitáveis em todo o percurso humano, cultivar a alegria dos passos dados, viver o entusiasmo do encontro e celebrar a comunhão alcançada.
Os sinais de Deus estão presentes nas realidades da vida. Ora se manifestam, ora se ocultam. Manifestam-se em tudo o que humaniza verdadeiramente a sociedade e, nela, a convivência entre as pessoas e a organização das instituições e serviços. Ocultam-se sempre que se criam situações indignas da condição humana e se procura legitimar a ordem estabelecida. A estrela de Belém ilumina com a sua luz admirável estas realidades, a bondade e maldade de cada uma delas. O Deus-Menino, como faz aos magos de modo emblemático, mostra-nos outro caminho para chegarmos a uma terra que seja de todos, anunciarmos a fraternidade que nos vincula e repartimos os bens preciosos que nos sustentam.