quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A riqueza de um país são as pessoas. A estas, tudo se deve subordinar


Futuro incerto das pessoas e futuro certo de um país 
António Marcelino 



«Não falta gente a remar no sentido do respeito que as pessoas e as famílias merecem. Porém, a leviandade, quando não mesmo a deformação moral e social de operadores da comunicação social e de agentes dos serviços oficiais, com mentalidades deformadas, bloqueiam, frequentemente, os caminhos de dignificação das pessoas e dos casais e destroem o trabalho sério de gente séria. 
A riqueza de um país são as pessoas. A estas, tudo se deve subordinar. Pouco interessam os programas de recuperação económica e empresarial se amanhã não houver pessoas que os sustentem e deles beneficiem.» 

Em tempos ainda relativamente recentes ter um curso superior era ter garantia de emprego. Havia cursos em que os melhores alunos eram contratados ainda antes de terminar os estudos, a fim de garantir o seu lugar na empresa. Hoje, a palavra que se ouve é de que o futuro é incerto para a maioria dos novos doutores. 
São muitas as razões, desde cursos a mais e sem saída, bem como as empresas com dificuldades. Quando os novos doutores fecham os seus horizontes, o que acontece com muitos deles, e não querem ver senão um emprego de harmonia com o seu diploma, tudo se agrava. Parece que os estudos superiores são unidimensionais e não abertos a capacitar quem os faz, para que seja criativo e inovador, resista às dificuldades e tente fazer o seu caminho. Não falta quem, a partir da sua capacidade e preparação não cruza os braços e procure. Mas a maioria ainda é dos desanimados, não dos lutadores que procuram até encontrar. Não basta mandar currículos. É preciso abrir caminhos próprios e sentir o apoio do Estado e da comunidade. 
Há, também, futuros certos não menos preocupantes que os incertos. São aqueles que se multiplicam pela falta de sentido na vida ou por uma conjugação de causas pessoais e públicas, umas culpáveis, outras menos. 
Podemos, então, ver um futuro certo que vem emergindo socialmente, que é objeto de preocupação para alguns e só razão de juízos e críticas para muitos outros. Refiro-me ao futuro sem futuro do nosso país, onde a natalidade bateu no fundo e a esperança de novos nascimentos não consegue furar o clima que se criou e que muitos alimentam. Já se chama “inverno demográfico” a esta situação contrária à cultura da vida. 
Certamente que são necessárias medidas sociais de estímulo à procriação, e que estas ou não existem ou são inadequadas. Mas não pode deixar de se ter presente o apoio escandaloso do Estado ao aborto, a maneira fácil de orientar a gente nova, por vezes menores, para caminhos de irresponsabilidade, com a distribuição maciça de anticoncetivos, a falta de proteção justificada às famílias numerosas, a campanha descarada ao divórcio e à destruição da família estável… Há leis fiscais escandalosas, há vexames lançados, até em maternidades do Estado, sobre as famílias com mais de três filhos e, agora, até vemos o Tribunal Administrativo a sentenciar a proibição de ter mais filhos, obrigando uma mulher a fazer laqueação de trompas, com penas anunciadas se a não fizer… 
As leis devem ser educadoras, e o mesmo deve ser o poder que as aplica. O caminho do mais fácil, ainda por cima mandado de fora, nunca será caminho de educação de pessoas e de solução válida de problemas. 
Tudo isto quer dizer que há um futuro certo - o fim de um país - quando as pessoas contam pouco, quem governa não tem prioridades e não atende às causas dos males sociais detetados, os legisladores gastam tempo com frivolidades e a atacar-se mutuamente e não se preocupam em fazer leis racionais e justas, os mediadores dos serviços sanitários são meros executores de ordens, quando às famílias retiram condições para que sejam livres nas suas escolhas e, antes, se predeterminam para soluções que não lhes proporcionam dignidade… 
Não falta gente a remar no sentido do respeito que as pessoas e as famílias merecem. Porém, a leviandade, quando não mesmo a deformação moral e social de operadores da comunicação social e de agentes dos serviços oficiais, com mentalidades deformadas, bloqueiam, frequentemente, os caminhos de dignificação das pessoas e dos casais e destroem o trabalho sério de gente séria. 
A riqueza de um país são as pessoas. A estas, tudo se deve subordinar. Pouco interessam os programas de recuperação económica e empresarial se amanhã não houver pessoas que os sustentem e deles beneficiem.

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