JESUS, A TERNURA DE DEUS PAI
Georgino Rocha
Batismo (rede global) |
O baptismo de Jesus oferece-nos uma bela e cativante mensagem. Após o rito das águas no Jordão, uma série de ocorrências manifestam o alcance dos gestos e, sobretudo, a “categoria” do baptizado. Abre-se o Céu, desce o Espírito, ouve-se uma voz que diz: “Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus a minha complacência”. Entretanto, Jesus permanece em oração.
A conjunção destes sinais evidencia a realidade profunda do que acontecia: Deus, trindade de pessoas, esta presente e actuante no início da “vida pública” de Jesus de Nazaré, envolve-se na sua missão, compraz-se nas suas opções e credencia o seu estilo de vida. Deixa-se ver e ouvir de forma eloquente e envolvente. Mais tarde, voltará a manifestar-se no silêncio confiante do agonizar no Calvário: “Pai, nas tuas mãos, entrego o meu Espírito”. Silêncio e palavra, ocultamento e manifestação, constituem modos humanos de comunicação divina e convidam-nos a mergulhar nos ensinamentos que a mensagem comporta: A ternura do Pai que se compraz no Filho, bem-amado, a atitude filial de Jesus que se recolhe em oração, a suavidade da presença do Espírito que desce em forma corporal, como uma pomba. A voz que proclama, o silêncio que escuta, a mansidão que acolhe.
Jesus faz-se baptizar no meio do povo, como mais um de tantos judeus, solidário com os pecadores que sentem a força do apelo de João Baptista. É uma opção clara que ao longo da sua vida de missionário itinerante, breve mas intensa, assume de modo contundente. O seu coração pende enternecidamente para os humildes, os pobres, os excluídos, os sem defesa. Deus é o seu defensor e libertador!
Jesus desce às águas do Jordão, dando mais um passo – o primeiro foi o de encarnar no seio de Maria - no projecto assumido para nos salvar. A exaltação gloriosa virá com a cruz que floresce na Páscoa da ressurreição. A sua atitude manifesta que o caminho da grandeza aos olhos de Deus é fazer-se “pequenino”, aceitar os “baixios” da vida e, a partir daí, servir desinteressadamente e sem descriminações. Com este mergulho nas águas, incorpora também todas realidades naturais no seu projecto de saneamento e elevação de toda a criação.
A voz de Deus-Pai quebra o silêncio e faz-se ouvir. Este silêncio da palavra era tido como castigo pelo pecado pessoal e colectivo. A ausência de profetas era considerada como abandono e esquecimento. Vivia-se no desânimo, na desilusão. Por isso, agora o povo exulta de alegria, sente-se perdoado e reintegrado no diálogo com Deus, graças ao que acontece no baptismo de Jesus e que atingirá o seu sentido pleno na Páscoa da ressurreição. Agora, a Igreja sente-se envolvida, na medida em que vive, de forma coerente, alegre e confiante, o baptismo recebido e celebrado pelos seus membros na comunidade cristã. A festa do baptismo de Jesus é a festa do meu/nosso baptismo.