quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Caminho do Natal - 4


Neste Advento procurar a beleza de Deus

A bênção de Aarão augurava a cada crente israelita: «O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face» (Números 6,25), palavras que celebram e despertam a beleza de crer.
Imaginar que Deus tem um rosto que refulge, luminoso, significa afirmar que Deus é beleza, que tem um coração de luz.
A nossa tarefa mais urgente é repintar o ícone de Deus: descobrir um Deus luminoso, um Deus solar, rico não de tronos e de poderes, mas aquele cujo verdadeiro tabernáculo é a luminosidade de um rosto, o Deus de grandes braços e com um rosto de luz, o Deus finalmente belo, presságio de alegria.
Deus já não pode ser empobrecido ou diminuído pelas culpas do homem. Ele é energia, futuro, sentido, mão viva que toca nos olhos e os abre, e, onde Ele se poisa, traz luz e faz nascer. Das suas mãos flui a vida, como rio e como sol, jubilosa e imparável.
Deixamos um convite para empreender uma viagem rumo ao rosto belo de Deus, para uma pesquisa onde a viagem é verdadeira; sobre ela, uma estrela polar e, ao longo da rota, algumas regras de navegação:


1. Beleza é um nome de Deus. A beleza da terra é a quenose [esvaziamento] do Criador, o vestígio do retraimento de Deus. É o primeiro nome das coisas.

2. A beleza é o êxtase da história, porta que se abre, êxodo. É o mínimo infinito que deve permanecer aberto ao infinito. No fragmento, o todo.

3. A beleza é o projeto de Deus para o cosmo, logos e futuro do homem. A nossa vocação é libertar toda a beleza sepultada em nós.

4. A beleza é a elevado preço. A filocalia (o amor pela beleza ou - porque não? - a beleza do amor) é ascese, purificação do olhar e do coração: felizes os puros de coração, porque verão vestígios da Beleza em toda a parte.

5. A beleza pode ser vital ou mortal, profética ou antiprofética. Uma ambiguidade radical é imanente à beleza.

6. A beleza é o supérfluo necessário. Necessário à qualidade da vida. Nem só de pão vive o homem, mas também da contemplação das pedras do mundo. E do perfume de Betânia derramado sobre os pés de Jesus.

7. A beleza é o isco do divino, o sorriso de Deus dentro da matéria. A proximidade de Deus cria beleza, força com que atrai a si todas as coisas.

8. A beleza é Deus que ama e cria comunhão. Belo é todo o ato de amor. Mui belo é quem tu amas. A lei primitiva da beleza reside no ato de amor.

9. A beleza é a porta do conhecimento. Só o assombro capta alguma coisa, os conceitos engendram ídolos.

10. A beleza é a força do coração, nascida do desejo. É a beleza que persuade o ânimo humano. Porque «devo»? Porque o coração me diz que, ao agir assim, encontro a felicidade.

Ermes Ronchi
In Tu és Beleza, ed. Paulinas

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