sábado, 3 de novembro de 2012

O bem comum seria fruto do contributo de cada um.



RESPOSTA INTELIGENTE

Georgino Rocha

Esta resposta manifesta a excelente avaliação que Jesus faz à declaração do escriba sobre a apreciação dos mandamentos e a escala da sua importância. Sintoniza com ele, valora a retidão dos seus critérios e anuncia que a sua postura está próxima do reino de Deus. O amor vale mais do que tudo no mundo. Nem bens sagrados oferecidos Deus lhe são superiores. Que belo exemplo de agir humano e pastoral! Que diálogo sereno e clarificador, sem intenções escondidas e “armadilhadas”! Que contraste com as intrigas e discrepâncias que se seguem com os chefes religiosos na esplanada do Templo, após a expulsão dos que faziam comércio no interior, profanando a casa de Deus! Que atualidade para os tempos que correm!

A resposta do escriba enaltece a excelência do amor que se especifica em amar a Deus e amar o próximo. E define uma dupla “medida”: Amar a Deus com todas as capacidades e ao próximo como a si mesmo. “Arruma”, de forma exemplar, as centenas de mandamentos e leis que tornavam complexa a vida religiosa e social dos fiéis observantes. Aproxima, sem nivelar, as expressões de um e de outro mandamento.
Jesus vai mais longe. Amar o próximo como a si mesmo é o patamar mínimo da escala do amor. Patamar que exclui todas as formas de indiferença e aversão. Patamar que apresenta a igualdade de formas de proceder como ponto de partida. Patamar que lança os seus alicerces na consideração que cada um tem por si mesmo, no bem que se deseja, no ideal a que se propõe. Com seria diferente a nossa sociedade se assentasse neste patamar?! Empresários, gestores, políticos, professores, agentes de comunicação, sindicalistas, responsáveis de confissões religiosas…, todos a fazerem aos outros o que pretendem para si. O bem comum – que é de todos – seria fruto do contributo de cada um.

Jesus eleva e radicaliza o amor ao próximo, apresentando a sua vida como modelo prático de quem ama. “Como eu vos amei” é a nova medida qualificada. Por amor, abraça a liberdade a fim de realizar a missão que Deus Pai lhe confia. Por opção voluntária, vive o amor de doação em todas as circunstâncias, sobretudo em relação aos mais fragilizados. Por decisão coerente, escolhe companhias “fora de lei” e faz curas, enfrenta autoridades religiosas e políticas e trava com elas veementes diálogos. Por amizade a todos, antevendo a hora da sua morte que aceite livremente - faz-se presente de forma sacramental, sobretudo na eucaristia.
Deste modo, realiza o sublime modelo humano do amor: entregar o seu corpo e derramar o seu sangue por um mundo novo, por uma sociedade digna da condição humana, por uma nova convivência social alicerçada na justiça que respeite ( se não consegue evitar) o sangue das vítimas e na equidade da entrega a todos do pão generoso, fruto da terra e do trabalho humano.
Que beleza de amor a que estamos chamados! Merece a nossa resposta inteligente.

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