domingo, 4 de novembro de 2012

LIUBLIANA: Os aloquetes do amor

Maria Donzília Almeida



Aparentemente, Ljub, o étimo da palavra Liubliana, é derivado de Liebe em Alemão, que significa amor.
O castelo medieval no topo da colina no ponto mais alto da cidade, evoca histórias de princesas e príncipes heróicos, sob ameaça dos muitos dragões que decoram a cidade.
Liubliana, a capital da Eslovénia, aos pés de um castelo medieval, é um chamariz turístico, por excelência! Mas, há outras atrações contemporâneas que estão, à distância, de uma caminhada, do verdadeiro coração da cidade, as margens do Rio Liublianica. Os estudantes reúnem-se, sob a estátua do venerado poeta esloveno France Preseren, à beira do rio. Outros seguem para algumas quadras de distância, para uma cadeia abandonada e ex-cinema de filmes adultos que se transformaram, respectivamente, num albergue jovem badalado e um próspero complexo de filmes de arte.

Num centro histórico, muito bem conservado, a Igreja principal cor-de-rosa e a arquitetura muito detalhada, captam a atenção do turista que fica preso na admiração da cidade. Quer captar toda a sua exuberância e a objetiva não pára de disparar. É ambição de todo o turista, levar consigo as imagens que o surpreenderam, até aos mínimos detalhes.
O mais novo ponto de encontro da cidade, fica rio acima, além das três pontes históricas conhecidas como Tromostovje: a recém-inaugurada Ponte do Açougueiro, com sua elegante construção com piso de vidro (mulheres com vestidos e saias, cuidado!) conduz os peões a um mercado ao ar livre e coberto, projetado pelo arquiteto esloveno Joze Plecnik. Como em Florença, Paris, ou outras cidades europeias, os liublianos participam de um fenómeno romântico chamado “aloquetes do amor” Foi a 1ª vez que pude apreciar, este inusitado espetáculo: os jovens casais prendem cadeados, gravados com mensagens, no gradil da ponte e lançam as chaves no rio, como forma de fazer juras de amor eterno.
A alternativa, na época da música metálica, à forma antiga de gravar nos troncos de árvore, os “estragos” do Cupido! Quem não se lembra da figura de dois corações trespassados por uma seta, que os mancebos escreviam nas árvores? Pobre árvore, sofredora dos desmandos do amor!
Estranha forma de fazer votos de fidelidade, em tempos tão conturbados como os da era moderna. Será que o aço, dos aloquetes, significará garantia de longevidade, na relação? A imaginação criativa, da juventude, terá algum fundamento! Será, provavelmente, ácido inoxidável, que não se deixa enferrujar pelas intempéries. Tal como o sentimento do amor, que quando mantido na sua autêntica dimensão, não se deixa corromper pela erosão da vida. Resta só, fazer uma pergunta inocente: Será que nos tempos de hoje e na sociedade hodierna, haverá aço desta têmpera?


- Posted using BlogPress from my iPad

Sem comentários:

Enviar um comentário