Por António Marcelino
Há sempre coisas na sociedade que não as vemos apreciadas, como seria normal, na comunicação social, sempre pronta para descobrir ou inventar escândalos. No contexto nacional, elas têm picos que podem sempre magoar, por isso apenas se noticiam. Disseram os jornais que o nosso “superman” do futebol comprou agora mais um automóvel por 400 mil euros, para a sua coleção, que já havia sido aumentada, em fevereiro passado, por mais um outro de igual teor. Também, em notícia discreta, se dizia de quantas casas luxuosas, espalhadas por aí fora, ele era já proprietário. Aparece assim, com todo o seu valor desportivo, como o herói do ter, do poder e do gozar, que por outras razões, o não esquecem os “media”. A tal ponto que os miúdos da escola já dizem que, quando forem grandes, querem ser como o Ronaldo…
Alguns dirão que o dinheiro é seu e pode dele fazer o que quiser. Não entremos por este caminho que nos levaria longe. Mas não devia a comunicação social - não sei ele tem queda para ver televisão e ler os jornais - dizer-lhe que a ostentação é hoje uma provocação? Não seria de o aconselhar a ser mais comedido e a pensar, de modo consequente, na maneira de ajudar tantos desempregados da sua terra? Um dia fará uma fundação, agora é a hora de gozar…
Por outro lado, num país com dificuldades a crescer, os contratos dos clubes ricos, mas falidos, só possíveis com o crédito bancário e não se sabe mais com quê, são escandalosos. Ninguém o diz. A preocupação é investir para ganhar jogos. O povo é apenas pagante. Este é o desnorte de um desporto que o povo gosta mas de que só sabe ver os golos. Hoje é apenas uma máquina de negócios e de escândalos. E a comunicação social, de tudo isto, pouco ou nada.
Li no Correio do Vouga
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