A escolha da vida é a opção certa. Se um membro do corpo humano constitui ameaça séria à vida, tem de ser amputado; de contrário, os riscos de morte podem ser iminentes. A sabedoria popular e as ciências médicas confirmam este modo de proceder: salvar a vida, ainda que se percam bens muito valiosos e apreciados.
Jesus quer transmitir aos discípulos a importância de saber escolher o melhor. E para que entendam bem o alcance do seu ensinamento, recorre a imagens fortes, expressivas e hiperbólicas. A mão, o pé, o olho são partes do corpo humano com um grande valor simbólico: o desejo incontrolado de domínio e poder, de ambição e cobiça, de sedução e posse. Quem não se liberta do “cerco” em que se encontra aprisionado por eles, fica impedido de descobrir a novidade que Jesus anuncia e de entrar na sua comunidade. E constitui também um mau exemplo para os outros, sobretudo os “pequeninos”, os que não têm consistência nas convicções, os pouco esclarecidos na fé.
Qualquer estorvo pessoal que impeça entrar na vida deve ser eliminado. A preocupação de Jesus é que todos estejam livres para aderirem à sua proposta de felicidade, ao seu projecto de salvação, ou, dito com palavras bíblicas, ao reino de Deus.
Entrar no reino é apreciar, desde já, a luta contra a exploração e a fraude, autênticas forças do mal; valorar e impulsionar o bem em prol dos mais necessitados, identificar os vestígios de Deus na vida simples de cada dia ou nos grandes acontecimentos, fomentar a partilha generosa de bens com quem precisa, viver a relação fraterna com todos, designadamente os excluídos da sociedade, acolher e saborear o amor filial com Deus Pai. Entrar e viver no reino é, desde já, descobrir o valor da comunidade dos discípulos de Jesus – a Igreja – e, apesar das suas limitações, reconhecer a missão que lhe está confiada: ser solidária com o mundo e comunicar-lhe o que tem de melhor: A boa nova do amor com que Deus o ama.
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