Camarinhas
Hoje foi dia dedicado a familiares e amigos, com passagem obrigatória pela Torreira, praia da infância e juventude da Lita, minha mulher. Foi um dia cheio, de conversas prolongadas, não tanto como eu desejava. Se calhar falei mais do que ouvi. Para a próxima tentarei conter-me, que os outros ficaram com muito que dizer, julgo eu.
A Torreira está com lugar cativo no coração da Lita. Natural de Pardilhó, onde viveu alguns anos, antes de se instalar com armas e bagagens em Aveiro e depois na Gafanha da Nazaré, os tempos das suas férias na Torreira saltam frequentemente à baila. Por isso, a viagem anual.
O prometido dia de um certo calor não surgiu. Um vento agreste, fresco mesmo, levou-nos a procurar o sol para o aquecimento desejado. Olhar o areal e o mar, embarcações ao longe e o vento num rodopio para nos incomodar.
Praia da Torreira
De repente, a vendedora de camarinhas despertou a nossa atenção. Não é coisa que se veja todos os dias, mas pelos vistos ainda há camarinhas na mata da Torreira, como me garantiu a D. Domingas Bastos daquela praia.
Os amigos e familiares com quem estivemos proporcionaram-nos algumas recordações e vivências. Deu para perceber que temos de nos encontrar mais vezes, que a vida não pode ser só preocupações, trabalhos e canseiras. Nem tão-pouco comodismos e promessas de visitas adiadas.
Eu sei (todos sabemos) que as férias devem tornar-se ocasiões de encontro com os outros, sobretudo dos que ocuparam, e ocupam, um lugar especial nos nossos corações, tanto nas horas boas como nas amargas. Mas nem sempre nos lembramos disto, que é coisa tão evidente. Pessoalmente, prometo estar mais atento a esta verdade, a esta indiscutível necessidade.