Lojas de saber, ciência por um euro
Por António Marcelino
Professores universitários, carimbados de inúteis e
dispensáveis por terem feito setenta anos, não resignados por se julgarem ainda
capazes de muito, organizam-se, em Coimbra, sob a batuta do Prof. Pedroso de
Lima, para, em favor dos outros, devolverem à sociedade o que esta investiu
neles, para lhes proporcionar, ao longo dos anos de estudo e de magistério, o
que lhes permitiu de saber e competência. Gente que ensinou dispõe-se agora a
dar cursos de pequena duração, acessíveis às diversas idades e condições, com o
alvo de proporcionar, sobretudo aos desempregados, meios que lhes permitam não
desistir e serem, eles próprios, criadores e inovadores. Apenas um euro
simbólico por participante e total gratuidade por parte dos mestres. As
temáticas vão “da física à medicina, das ciências em geral às lições de vida”.
Em maio arrancou a iniciativa com o curso “os Sons e a Vida”. Mais de cem
participantes e, entre eles, alguns professores jubilados.
Uma lufada de ar fresco numa sociedade acomodada. Arruma-se,
por vezes em prateleiras douradas, muito saber e experiência que fazem falta a
muita gente. Menos mal que a livre iniciativa privada e a decisão de não morrer
antes da morte dão lugar a coisas novas, orientadas para o bem e com a marca
visível de uma gratuidade solidária.