SÁTIRA
A Natureza se enganou
E fez de mim um jardim,
Pois, cravos, em mim, plantou
E tão bem os adubou
Que eles crescem ‘inda assim!
Flores, nas jarras, gosto
E no jardim a crescer,
Mas juro e até aposto
Que ninguém tem este gosto,
Tão bizarro, a meu ver!
Alguns maus-tratos, lhes dou
E ácido até lhes ponho!
Mas o cravo que vingou,
Como remédio o tomou
E alimentou o seu sonho!
Essas mãos tão veneradas,
Numa anterior situação
De novo são solicitadas
E decerto apreciadas,
Nesta botânica operação!
Que meus cravos decapite,
Atenda esta prece minha!,
E o Doutor não hesite,
Que eu vou tendo o palpite
Que lhos deixo numa jarrinha!
Maria Donzília Almeida
21 de Abril de 2000
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