MEU BOM AMIGO! MEU FIEL CÃOPANHEIRO!
Reverteram-se os papéis! Agora não és tu que falas dos donos, mas é a dona que fala de e para ti! Cumpriu-se a tua passagem pelo planeta, em que a tua morada foi o jardim, aquele jardim que tu tanto percorrias e onde tantas vezes te deitaste, a descansar. Às vezes, rebolavas-te, na relva, por puro prazer e via-se na tua carinha, uma expressão de felicidade! Como eu gostava de te observar!
A tua liberdade era total, nunca te sentiste acorrentado a cordas, a preconceitos. Ainda que a porta estivesse escancarada, tu não te evadias à procura de aventura! Tinhas tudo no teu ninho, alimento para o teu corpinho de pêlo castanho, tigrado e para a tua “alminha” que era tão pura. Havia um amor incondicional, que nunca encontrei em nenhum humano!
Tu davas tudo, sem procurar nada, em troca.
Recordo, com o coração partido, a minha chegada a casa, que tu saudavas efusivamente, quando, já dentro da garagem, mal esperavas que saísse do carro para me afagares. Torcias-te todo de contentamento e a tua alegria era contagiante. E todos os dias..... esta receção se repetia, com renovada energia.
Boris! A tua passagem pela minha vida foi curta, meteórica, apenas uma dezena de anos, mas duma intensidade, que terão poucos relacionamentos humanos.
Ainda recordo o jeito de te insinuares junto da porta de vidro da cozinha, para anunciares a tua presença, a quem estava lá dentro. Pressentias a presença humana, bem de madrugada e querias fazer o cumprimento matinal! Eras um querido! Recordo quando te sentavas no chão, sempre que a tua dona se aproximava com algum petisco, demonstrando a tua elevada educação!
Como vou desvanecer da minha vida, tantos gestos de carinho e dedicação.....
Hoje, quando acordei e te vi prostrado, de olhar mortiço e mal movendo a cabeça, esqueci todas as minhas obrigações e fui pedir socorro! Quando chamei por ti, ainda ergueste o olhar, sem força para mais........um olhar que ficará gravado indelevelmente, na minha memória! A tua vida era demasiado preciosa, para qualquer hesitação. A medicina, neste caso, foi ineficaz. A coisa mais preciosa que tinha, perdi-a! Não há substituto possível! O Boris era único e ficará para sempre no meu coração! Resta-me a convicção que foi uma criatura feliz, para o qual tenho a consciência de ter dado o meu contributo. Requiem!
30.04.2012
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