Texto de Maria Donzília Almeida
Jacinta
Hoje, quando deambulava... no sentido de descomprimir da dor
provocada pela doença de um ente querido, ouvi, na rádio, a referência a esta
efeméride que é celebrada pela primeira vez.
O jazz é uma
manifestação artístico-musical originária dos Estados Unidos. Teria surgido
por volta do início do século XX,
na região de Nova Orleães e suas proximidades, tendo o seu berço, na cultura popular e na criatividade
das comunidades negras que ali viviam.
O Jazz desenvolveu-se
com a mistura de várias tradições musicais, em particular a afro-americana. Esta nova
forma de se fazer música incorporava blue notes, chamada e resposta, forma sincopada, polirritmia, improvisação e notas com swing do ragtime. Os instrumentos musicais básicos para o
Jazz são os usados em bandas marciais e bandas de dança: metais, palhetas e baterias.
No entanto, o Jazz, em suas várias formas, aceita praticamente todo tipo de
instrumento.
As origens da
palavra Jazz são incertas. A palavra tem suas raízes na gíria norte-americana e
várias derivações têm sugerido tal facto. O Jazz não foi aplicado como música até
por volta de 1915. Earl Hines,
nascido em 1903 e mais tarde celebrado músico de jazz, costumava dizer que
"tocava piano, antes mesmo da palavra "jazz" ser
inventada".
Desde o começo do
seu desenvolvimento, no início do século XX, o Jazz produziu
uma grande variedade de subgéneros, como o Dixieland da década de 1910,
o Swing das Big bands das décadas 1930 e
1940, o Bebop de meados da década de
1940, o Jazz latino das décadas de
1950 e 1960, e o Fusion das décadas de 1970 e
1980. Devido à sua divulgação mundial, o Jazz adaptou-se a muitos estilos
musicais locais, obtendo assim uma grande variedade melódica, harmónica e
rítmica.
O jazz
é uma expressão musical que pode «derrubar barreiras e simbolizar a paz e a
unidade», defende a UNESCO na proclamação do Dia Internacional do Jazz, que se
assinala pela primeira vez esta segunda-feira.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura decretou 30 de abril, como o Dia Internacional do Jazz por proposta
do músico e compositor Herbie Hancock, embaixador da boa vontade da UNESCO.
Na mensagem oficial deste dia, a diretora-geral da UNESCO,
Irina Bokova, sublinhou que o jazz foi e continua a ser “a força que promove uma
transformação social positiva”.
“Por ter as suas raízes na escravatura, esta música fez
crescer uma voz apaixonada contra todas as formas de opressão. Fala a linguagem
da liberdade que é compreendida por todas as culturas. São também estes os
objetivos que guiam a UNESCO nos seus esforços de construir pontes dialogantes
entre todas as culturas e sociedades”, afirmou Irina Bokova.
O jazz é uma das expressões musicais nativas dos Estados
Unidos, praticada inicialmente pela comunidade afro-americana no século XIX,
descendente das vagas de escravos que aportaram aos EUA, vindas de África,
tendo-se popularizado nas primeiras décadas do século seguinte.
Na segunda-feira, Herbie Hancock dará um concerto em Nova
Orleães, cidade que é considerada um dos berços do jazz. Na sede das Nações
Unidas estarão Dee Dee Bridgewater, Diane Reeves, Esperanza Spalding, Angelique
Kidjo, entre outros.
Em Portugal haverá várias iniciativas para assinalar o
primeiro Dia Internacional do Jazz. Na segunda-feira, no Centro Nacional de
Cultura (CNC), em Lisboa, decorrerá um encontro com o investigador João Moreira
dos Santos, o presidente do CNC, Guilherme D'Oliveira Martins, o músico António
Barros Veloso e o diretor da estação de rádio Antena 2, João Almeida.
O Hot Clube de Portugal estende-se à Praça da Alegria e
propõe uma maratona de jazz que começará às 13h00 com os alunos da Escola de
Jazz Luiz Villas-Boas.
Como o meu instinto
patriótico está à flor da pele, não poderia deixar de referir uma das pérolas
da nossa terra – Jacinta. É uma cantora de jazz portuguesa. É
apresentada a Portugal no programa Chuva de Estrelas, no qual interpreta Ella Fitzgerald, tornando-se depois numa referência no jazz português. Em 2001,
Jacinta recebeu o prémio “Músico Revelação” do programa Cinco Minutos de Jazz (Antena 1) e
foi referida como ‘A cantora de jazz portuguesa’, por José Duarte.
Jacinta deu os seus primeiros passos artísticos através do
estudo da música clássica em piano e composição.
Integrou vários grupos como cantora e instrumentista, é no
entanto no mundo do jazz que a sua energia musical encontra plena expressão.
Aos 22 anos uma excelente actuação de jazz vocal como Ella Fitzgerald, no programa Chuva de Estrelas, impulsionou a sua carreira como cantora, tendo sido solicitada
para inúmeros concertos a partir de então.
Em 1997 Jacinta mudou-se para Nova Iorque para frequentar a Manhattan School of Music, onde foi
premiada com bolsa de estudos para realização de Mestrado em Jazz Vocal.
Prosseguiu estudos de improvisação com Chris Rosenberg da banda de Ornette
Coleman, e de interpretação estilística com Peter Eldridge dos New York Voices.
Mais tarde, durante os quatro anos em que residiu na área de S. Francisco, Califórnia.
Jacinta actuou profissionalmente em vários projectos musicais apresentando-se,
também, em clubes de jazz de renome mundial como Kimball’s East e Yoshi’s.
Ainda haverá quem diga que a nossa terra só produz
gafanhotos?
30 de Abril de 2012