Texto de Maria Lurdes Menezes
«Como fazer em relação a famílias ditas irregulares e que estão inseridas nas comunidades e com as quais as comunidades têm alguma dificuldade em lidar? O padre Carlos responde que Deus não nos pede para vivermos vidas impossíveis e insuportáveis; aliás amar e desejar ser feliz é uma ambição de qualquer ser humano e de Deus também. Há que haver da parte da comunidade o acolhimento necessário para que estas famílias não se sintam excluídas. A Igreja como Mãe, tem que ter, à imagem de Jesus, uns braços e um coração muito grandes para acolher, abraçar e oferecer, de volta a esta gente, Jesus, de acordo com as suas características, as suas diferenças, as suas necessidades. Como em tudo tem que haver um discernimento claro das situações. É missão da Igreja dar resposta ao desejo de felicidade que cada um tem e a resposta só pode ser o Amor.»
Deus também sonha? Foi mais ou menos com esta questão que o padre Jesuíta Carlos Carneiro, começou a falar-nos sobre o tema. Numa linguagem simples, acessível e salpicada de bom humor, levou-nos a reflectir o que é ser família, porque constituímos família e como ela se encaixa nos planos de Deus para a Humanidade. O deus em que acreditamos é o Deus de Jesus Cristo e Ele também sonha. Pode ser estranho ouvir isto, mas só quem não ama é que não tem sonhos. E como Deus é Amor, é na família, santuário onde Ele habita, que Ele se revela e se mostra e é convidado a mostrar-se e a dar-se a conhecer. Os sonhos pedem fidelidade e o ser família também. A fidelidade é algo que, hoje em dia, metemos na gaveta, mas há que ter a coragem de a tirar de lá e mostrar que ser fiel também dá alegria, prazer, é algo de belo e que implica que todos os membros da família se “sintam bem dentro uns dos outros”- amados e comprometidos uns com os outros para sempre. Deus é um praticante do Amor e põe o Amor em prática no compromisso, na doação, na fidelidade, no projecto que é uma família e, porque o Amor não se improvisa ele é fruto desse mesmo projecto. Tal como uma mãe ou um pai se revêem nos seus filhos, também Deus se revê numa família e nela esboça o seu sorriso e espalha sua ternura.
Quando o casal opta por casar na igreja, assume uma missão: é a forma de viver, de amar, de mostrar e dar a conhecer Deus através da sua família. O casamento é um caminho muito exigente, exigência que está implícita na escolha de se viver uma longa vida de comunhão. É um caminho que a todo o instante está a exigir do casal uma atitude de dom, de ir ao encontro do outro. Por isso, antes de dar este passo tão importante, há que haver um discernimento bem claro do caminho que se quer percorrer. Há que procurar dentro de cada um as motivações certas e, encontrar nos dois, o projecto que querem assumir e construir. Como disse o padre Carlos, o casamento como sacramento é sinal do amor de Deus e quando alguém se casa na igreja está a mostrar Deus ao mundo. São estas consciências que se devem formar nos jovens casais quando se preparam para o matrimónio.
Como fazer em relação a famílias ditas irregulares e que estão inseridas nas comunidades e com as quais as comunidades têm alguma dificuldade em lidar? O padre Carlos responde que Deus não nos pede para vivermos vidas impossíveis e insuportáveis; aliás amar e desejar ser feliz é uma ambição de qualquer ser humano e de Deus também. Há que haver da parte da comunidade o acolhimento necessário para que estas famílias não se sintam excluídas. A Igreja como Mãe, tem que ter, à imagem de Jesus, uns braços e um coração muito grandes para acolher, abraçar e oferecer, de volta a esta gente, Jesus, de acordo com as suas características, as suas diferenças, as suas necessidades. Como em tudo tem que haver um discernimento claro das situações. É missão da Igreja dar resposta ao desejo de felicidade que cada um tem e a resposta só pode ser o Amor.
Acabámos já noite dentro, mas de certeza que regressámos diferentes. Padre Carlos trouxe uma lufada de ar fresco ao falar da família cristã e de todas as outras que compõem a nossa sociedade. Trouxe uma mensagem de abertura, necessidade de novas formas de evangelização, acolhimento, compreensão e sobretudo uma mensagem de AMOR, porque todas as famílias são sempre um sonho no plano de Deus.